Vale e BHP oferecem R$ 75 bilhões para encerrar ação judicial no Reino Unido — Entenda o caso
Vale e BHP oferecem R$ 75 bi para encerrar ação no Reino Unido

Parece que o capítulo mais turbulento da história da mineração brasileira pode estar perto de um desfecho — ou pelo menos de uma trégua. A Vale e a BHP, duas das maiores empresas do setor no mundo, colocaram na mesa uma proposta que faz qualquer um levantar as sobrancelhas: R$ 75 bilhões para encerrar uma ação judicial que corre no Reino Unido.

O caso, como você deve lembrar, remonta àquele dia que ninguém em Mariana (MG) esquece: 5 de novembro de 2015. Quando a barragem do Fundão se rompeu, levando consigo não só toneladas de rejeitos, mas vidas, histórias e a tranquilidade de uma região inteira.

O que está em jogo?

Desde então, a justiça britânica virou palco de uma batalha épica. Mais de 700 mil pessoas — sim, você leu certo — entraram com uma ação coletiva contra as mineradoras. A acusação? Que elas falharam feio em prevenir o desastre e, pior, em mitigar seus efeitos.

E olha só como as coisas podem ser irônicas: enquanto aqui no Brasil as indenizações seguem a passos de tartaruga, lá fora a pressão judicial fez as gigantes da mineração suarem a camisa. Os R$ 75 bilhões (ou £12 bilhões, na moeda local) representam uma das maiores propostas de acordo da história corporativa recente.

Detalhes que fazem diferença

  • O valor seria pago ao longo de anos, com parcelas anuais ajustadas por índices inflacionários
  • Cobre danos materiais, morais e ambientais — incluindo a recuperação da bacia do Rio Doce
  • Não significa admissão de culpa formal pelas empresas (juridicamente falando, claro)

Juristas que acompanham o caso comentam, entre um café e outro, que a estratégia é clara: evitar um julgamento que poderia criar um precedente catastrófico para o setor. "Quando números chegam nessa casa decimal, não se trata mais só de dinheiro — é sobre reputação e risco futuro", observa um especialista que preferiu não se identificar.

Enquanto isso, em Mariana, a poeira — literal e figurativa — ainda não baixou completamente. Moradores ouvidos pela reportagem demonstram um misto de esperança e ceticismo. "Dinheiro não traz vidas de volta, mas pode ajudar a reconstruir o que sobrou", reflete Dona Maria, dona de uma pequena pousada às margens do rio.

O tribunal britânico deve analisar a proposta nos próximos meses. Se aprovada, ainda precisará passar pelo crivo dos representantes dos afetados. Uma coisa é certa: o caso está reescrevendo o manual sobre responsabilidade corporativa em desastres ambientais — e dessa vez, com cifras que fariam até o Scrooge McDuck suspirar.