
Não é de hoje que o debate sobre licenciamento ambiental divide opiniões no Brasil. Mas Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, foi direta ao ponto: "Vetar não resolve — temos que colocar algo no lugar". A fala, dada durante um evento em São Paulo, ecoa como um alerta para um problema que vai além da burocracia.
Imagine um prédio em construção sem alicerce. É mais ou menos assim que ela descreve a situação atual. "Não adianta só dizer 'não pode'. Precisamos oferecer alternativas que funcionem na prática", disparou, com aquele tom de quem já viu muita promessa virar pó.
O X da questão
O licenciamento ambiental — aquele processo cheio de idas e vindas — virou quase um vilão nos últimos anos. Mas será que o problema está mesmo nele? Marina acha que não. "Tem gente que quer jogar fora o bebê junto com a água do banho", comparou, referindo-se a propostas que pregam seu fim sem apresentar soluções viáveis.
E os números? Bem, eles contam uma história complicada:
- Desmatamento na Amazônia subiu 22% no último ano
- 78% dos brasileiros apoiam proteção ambiental (segundo Datafolha)
- Apenas 3 em cada 10 projetos sustentáveis saem do papel
Entre a cruz e a espada
O que fazer, então? A ministra — que já foi chamada de "radical" e "visionária", dependendo de quem pergunta — defende um caminho do meio. "Precisamos de agilidade, mas sem abrir mão do controle". Ela cita exemplos como:
- Digitalização de processos (adeus, papelada!)
- Critérios claros para diferentes tipos de empreendimento
- Participação comunitária nas decisões
Não é papo furado. Em certos estados, projetos-piloto já mostram que dá para cortar o tempo de análise pela metade — sem afrouxar a fiscalização. Mas convenhamos: implementar isso país afora não será moleza.
O elefante na sala
Enquanto isso, no Congresso, a briga continua. De um lado, ruralistas pressionando por flexibilização. Do outro, ambientalistas gritando por mais rigor. E no meio? Uma população que precisa de emprego e ar limpo para respirar.
Marina, com sua experiência de quem já viu esse filme antes, arremata: "Ou a gente aprende com os erros do passado, ou vamos continuar enxugando gelo". Duro, mas difícil discordar.