
Numa jogada que mistura pragmatismo com convicção, Marina Silva — aquela que nunca foi de ficar no muro — soltou o verbo sobre o debate do licenciamento ambiental. E olha, não foi com meias palavras.
"Vetar mudanças é só um pedaço do quebra-cabeça", disparou a ministra, enquanto ajustava os óculos com aquele jeito característico de quem está prestes a dar uma aula. "Se a gente ficar só no 'não', vira aquela briga de vizinho que ninguém sai do lugar."
O X da questão
O cerne da discussão? O governo está com a faca e o queijo na mão para reformular as regras do licenciamento ambiental — aquelas que, diga-se de passagem, sempre dão pano pra manga. Mas Marina, com sua experiência de quem já viu de tudo nessa seara, avisa: bloquear propostas sem oferecer alternativas é como tampar o sol com a peneira.
"Tem hora que parece jogo de empurra-empurra", comentou, com um misto de cansaço e determinação. "Enquanto isso, os projetos ficam emperrados e o meio ambiente que se vire."
Propostas na mesa
Nos bastidores, circulam pelo menos três eixos que a equipe da ministra considera fundamentais:
- Agilidade com critério: "Ninguém quer burocracia infinita, mas também não dá pra passar a boiada", brincou ela, numa referência não tão sutil a polêmicas recentes.
- Regionalização: "O que funciona no Amazonas pode não fazer sentido no sertão. Tem que ter flexibilidade."
- Transparência radical: "Quando o povo entende o processo, o debate fica menos inflamado e mais produtivo."
Curiosamente, enquanto alguns setores reclamam de suposto "excesso de zelo", dados do próprio governo mostram que 78% dos processos de licenciamento são concluídos dentro dos prazos legais — quando a documentação está completa, claro.
O outro lado da moeda
Nos corredores do Congresso, a postura da ministra divide águas. De um lado, os que elogiam sua "obstinação positiva"; de outro, os que murmuram sobre "teimosia disfarçada de discurso ambiental".
"Ela tem razão na teoria", concede um deputado que preferiu não se identificar, "mas na prática, às vezes o perfeito vira inimigo do bom".
Marina, é claro, já ouviu isso antes. "Se 'bom' significa passar por cima das salvaguardas ambientais, então prefiro ser chamada de perfeccionista mesmo", rebateu, com aquela risada que todos conhecem — meio irônica, meio resignada.
O fato é que, com ou sem críticas, a ministra parece determinada a provar que desenvolvimento e preservação não precisam ser rivais. Resta saber se o Congresso vai comprar a ideia — ou se vai ser mais um daqueles capítulos intermináveis da novela ambiental brasileira.