
O clima na Câmara Municipal de Manaus (CMM) está longe de ser ameno. Na verdade, está mais para um caldeirão prestes a ferver. O motivo? A absoluta e — segundo a oposição — intencional falta de transparência em torno do programa Sou Manaus 2025. A coisa ficou séria ao ponto de vereadores terem acionado o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) para clamar por transparência. Sim, você leu certo: a disputa política migrou do plenário para os tribunais.
O cerne da questão é simples, mas profundamente preocupante: os parlamentares, especialmente aqueles da bancada de oposição, simplesmente não conseguem acessar informações básicas sobre a execução orçamentária e os contratos do programa. Eles alegam que a gestão municipal ergueu um muro de silêncio. Pedidos de informação foram enviados, ignorados, reenviados e… bem, você já pode imaginar o resultado. Nada.
Um jogo de empurra-empurra muito caro
Do outro lado do ringue, a base governista na Câmara joga duro. Eles defendem a prefeitura com unhas e dentes, argumentando que todos os trâmites estão sendo seguidos à risca. Mas a pergunta que fica, e que todo cidadão manauara deveria fazer, é: seguidos perante quem? Se os próprios vereadores, que têm o dever constitucional de fiscalizar, estão no escuro, como o público pode confiar?
É um daqueles impasses clássicos de quem veio primeiro: o ovo ou a galinha? A prefeitura alega que presta contas, a oposição grita que não vê nada, e no meio disso tudo, o programa que deveria melhorar a vida na cidade segue envolto em névoa. Convenhamos, não é uma boa look para ninguém.
O xis da questão: o que é o Sou Manaus, afinal?
Para quem não está por dentro, o Sou Manaus não é qualquer programa. Trata-se de uma iniciativa de grande porte, que engloba uma série de obras e serviços espalhados pela capital amazonense. Saneamento básico, pavimentação, saúde… a lista é longa e o orçamento, supostamente, é vultoso. E é exatamente aí que mora o perigo. Quando se mexe com muito dinheiro público, a transparência deixa de ser uma opção e vira obrigação moral e legal.
A justiça foi acionada porque o diálogo simplesmente ruiu. A oposição alega que esgotou todas as vias administrativas e que não restou outra alternativa a não ser judicializar a questão. É um movimento ousado, que coloca a prefeitura numa saia justa e expõe uma ferida que vai além desse caso específico: a cultura da opacidade que teima em persistir na administração pública.
O que esperar agora? Todos os olhos se voltam para o MP-AM. Caberá aos promotores decidir se há, de fato, motivo para investigar e forçar a prefeitura a abrir sua caixa preta. Enquanto isso, a população fica no famoso limbo, torcendo para que seus impostos estejam sendo bem aplicados, mas sem qualquer garantia concreta disso.
Uma coisa é certa: o caso do Sou Manaus 2025 virou o símbolo de uma briga muito maior. Uma briga por acesso à informação, por accountability e, no fim das contas, por respeito ao contribuinte. O desfecho desse embate pode definir um novo patamar (ou a falta dele) para a transparência na gestão pública de Manaus.