
Parece que o projeto de lei da dosimetria, aquele que promete um novo método para calcular penas no sistema penal, está enfrentando mais obstáculos do que se imaginava nos corredores do Congresso. E o centro dessa tempestade é ninguém menos que o deputado Paulinho, relator da proposta.
O que era para ser um caminho relativamente tranquilo – afinal, a ideia tem seus defensores – se transformou numa verdadeira maratona de negociações. Paulinho, conhecido por sua habilidade política, está encontrando resistência onde menos esperava. E olha, no mundo da política, quando um relator com experiência trava, é porque a coisa está séria.
Os Números que Não Fecham
A matemática política simplesmente não está batendo. Para aprovar um projeto dessa magnitude, Paulinho precisa de uma maioria sólida, daquelas que deixam a oposição sem argumentos. Só que os apoios estão chegando com conta-gotas, quando chegam. É como tentar encher um balde furado – o trabalho é incessante e o resultado, frustrante.
Alguns colegas de parlamento, mesmo simpatizando com a causa, hesitam em dar seu aval público. Uns por questões ideológicas, outros por puro cálculo eleitoral. É aquela velha história: todo mundo quer justiça mais precisa, mas ninguém quer pagar o preço político que isso pode acarretar.
O Jogo de Cena por Trás dos Bastidores
Nos corredores, o burburinho é constante. Reuniões se multiplicam, promessas são feitas (e algumas quebradas), e o relator precisa usar de todo o seu jogo de cintura. Não se engane: aprovar uma lei não é só sobre ter razão, é sobre construir consensos. E construir consensos no Congresso Nacional brasileiro? Bem, isso é arte para poucos.
O que mais surpreende os observadores mais antigos é a natureza da resistência. Não se trata de uma oposição frontal e declarada, mas de uma espécie de reticência difusa. Os deputados parecem temer como a opinião pública – e especialmente a mídia – vai interpretar seu voto. Em tempos de redes sociais, onde tudo vira meme ou campanha de desmoralização em questão de horas, o cuidado é redobrado.
E Agora, José?
Paulinho se vê, portanto, num daqueles impasses que definem carreiras políticas. Desistir não é opção – o projeto é considerado importante demais para ser arquivado. Mas seguir em frente sem os apoios necessários é risco calculado que pode sair pela culatra.
Resta ao relator uma tarefa hercúlea: convencer, um a um, seus pares de que a dosimetria é não apenas necessária, mas inevitável. Ele precisa transformar a hesitação em convicção, o medo em coragem política. Enquanto isso, o relógio corre – e a paciência dos que aguardam por uma reforma no sistema penal se esvai a cada dia que passa.
Uma coisa é certa: o caminho até a votação final promete ser tão complexo quanto o próprio cálculo de penas que a lei propõe. E Paulinho, pelo visto, vai suar muito a camisa antes de ver seu trabalho aprovado.