
O clima no Congresso Nacional está pra lá de aquecido esta semana, e não é por causa do verão brasiliense. O deputado federal Motta, do Republicanos do Rio de Janeiro, soltou a bomba: um projeto de lei que propõe anistia para pessoas envolvidas nos episódios conturbados de 8 de janeiro de 2023.
Numa entrevista que deu o que falar, ele foi direto ao ponto: "Isso não é—e repito—não é sobre apagar a história ou fingir que nada aconteceu
. Acho que muita gente tá interpretando errado." Seus dedos batiam levemente na mesa, marcando cada palavra. "É, na verdade, exatamente o oposto: é uma tentativa séria de reconciliar o presente para que a gente possa, finalmente, construir um futuro junto."Não é uma proposta que veio do nada. Motta, que também é vice-líder da maioria no governo Lula, tá baseando a ideia numa coisa que chamou de "precedente histórico". Ele lembra que anistias já rolaram antes no país, como a de 1979, que foi um marco crucial pra redemocratização. "A gente precisa olhar pra trás sem ódio, mas com a lição aprendida", argumentou, com um tom que misturava convicção e um cansaço genuíno da polarização que domina tudo.
O Núcleo da Questão: Reconciliação vs. Impunidade
É claro que a reação não foi nada tranquila. De um lado, apoiadores veem a medida como um gesto necessário de pacificação—um remédio amargo pra curar as feridas abertas que ainda sangram no corpo político da nação. Do outro, a oposição já grita que é uma carta branca para a impunidade, um perdão perigoso para quem tentou contra a democracia.
Motta rebate: "Reconciliação nacional exige gestos concretos. Não dá pra ficar nesse loop eterno de revanchismo. Quem quer ficar remoendo o passado eternamente não quer construir nada novo." A fala dele ecoa um sentimento que muitos brasileiros comuns compartilham nas redes, nos bares: um cansaço profundo da briga.
E Agora, José?
O projeto ainda vai percorrer um longo caminho—e cheio de obstáculos. Vai passar pelas comissões, pelo plenário, e com certeza vai esbarrar em resistência feroz de vários setores. O próprio governo Lula ainda não se posicionou formalmente, mas a movimentação de um vice-líder da maioria indica que o assunto pelo menos está na mesa de discussões.
O que motiva um político a trazer um tema tão espinhouso? Motta insiste que é pura pragmatismo político misturado com um ideal de unidade. "Temos que virar esta página. Não pra fechar o livro, mas pra poder escrever as próximas capítulos juntos."
Uma coisa é certa: o debate sobre como um país lida com seu passado recente—e com os fantasmas que ainda assombram o presente—está longe de terminar. E propostas como essa jogam gasolina não só no Congresso, mas na fogueira da opinião pública.