
O clima estava pesado, pra não dizer outra coisa. Lá estava ele, de volta ao Rio, justamente num evento que prometia discutir a segurança pública — tema espinhoso onde só existem. E a pergunta veio como um soco: racismo. Sim, alguém teve a coragem de jogar na cara do presidente aquela velha acusação que anda circulando por aí.
Mas o que ninguém esperava era a resposta. Longe de ficar na defensiva, Lula soltou uma daquelas tiradas que só ele sabe dar. "Olha, eu que passei a vida inteira lutando pelos direitos dos mais pobres, dos negros, dos trabalhadores... agora me chamam de racista?" A ironia era tão grossa que dava pra cortar com faca. E ele continuou, sem papas na língua: "Não sou eu quem anda por aí chamando os outros de bandido. Quem faz isso sabe muito bem quem é."
Nesse ponto, a coisa ficou interessante. Você percebia que não era só uma defesa, era um contra-ataque. Ele lembrou — e como lembrou — das vezes em que foi chamado de "analfabeto", de "operário", como se fossem insultos. "Quando me xingam de operário, é como se estivessem xingando minha mãe, todos os trabalhadores desse país", disparou, com aquela voz que mistura cansaço e indignação.
O contexto que explica tudo
Pra entender a dimensão da coisa, tem que voltar uns dias. A oposição — especialmente alguns setores mais radicais — vinha usando as redes sociais pra espalhar a narrativa de que Lula teria feito declarações racistas. A acusação era vaga, mas o estrago estava feito. E o presidente, sabe como é, escolheu o momento certo pra responder.
Não foi num tuíte, não foi por nota oficial. Foi ali, na cara dura, com jornalistas de todo o país ouvindo. E o mais curioso: ele nem se deu ao trabalho de citar nomes. Deixou no ar, como quem joga uma bomba e espera a fumaça baixar. "Tem gente que acha que racismo é só uma palavra. Mas racismo é quando você nega emprego, quando você trata alguém como inferior", completou, mudando completamente o tom.
E as reações?
Ah, isso é uma história à parte. Quem estava na sala dividiu-se entre os que sorriam discretamente e os que ficaram visivelmente desconfortáveis. Nas redes sociais, claro, a polarização foi instantânea. De um lado, os apoiadores comemorando a "lapada seca". Do outro, os críticos acusando-o de vitimismo.
Mas o fato é que Lula — velho guerreiro que é — mostrou mais uma vez que não foge do debate. Pode-se concordar ou não com ele, mas há que admitir: o homem sabe jogar o jogo político como poucos. E dessa vez, usou as próprias acusações como palco para reafirmar suas bandeiras históricas.
Resta saber se a estratégia vai funcionar a longo prazo. No calor do momento, porém, uma coisa é certa: ele deixou claro que não leva desaforo pra casa. E no Brasil de hoje, onde cada palavra é disssecada, isso já é alguma coisa.