
O ar no plenário do Supremo Tribunal Federal estava tão pesado que dava para cortar com uma faca. Nesta terça-feira (2), os onze ministros se reuniram para um embate que prometia — e cumpriu — ser dos mais acirrados dos últimos tempos. O tema? Nada mais, nada menos que o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e um grupo de seus aliados mais próximos.
E olha, não foi uma sessão qualquer. A votação, que começou com um placar surpreendente de 3 votos a 2 pela improcedência do processo, foi uma verdadeira montanha-russa de emoções. Quem estava acompanhando pela TV mal podia acreditar no que via. A relatora, ministra Cármen Lúcia, foi incisiva ao votar pela rejeição das contestações — um golpe duro para a defesa.
O Voto que Mudou Tudo
Mas foi o ministro Dias Toffoli, hein? O cara simplesmente soltou a bomba. Em um voto que deixou muitos de queixo caído, ele defendeu a tese de que aquele processo específico era, na verdade, a ferramenta errada para aquele fim. Uma manobra jurídica que jogou um balde de água fria na estratégia da Procuradoria-Geral Eleitoral.
— É como usar um martelo para pregar um parafuso — disparou Toffoli, metafórico. — A via eleitoral não é a adequada para este tipo de apuração.
Do outro lado, a defesa do ex-presidente e dos demais envolvidos — Walter Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e Almir Garnier — comemorou cada ponto como se fosse gol em final de Copa do Mundo. Sorrisos contidos, olhares de alívio… a cena era digna de um filme.
O Teatro dos Bastidores
E não foi só no plenário que a coisa esquentou. Nos corredores, o burburinho era geral. Assessores sussurravam, jornalistas corriam de um lado para outro tentando decifrar os rumos do julgamento. Um verdadeiro xadrez político, com cada movimento sendo calculado ao milímetro.
O que mais me impressiona, sinceramente, é a capacidade desses processos de revelar as entranhas do poder. Você vê ali, em tempo real, como as narrativas são construídas, desmontadas e reconstruídas. É assustador e fascinante ao mesmo tempo.
Com a sessão interrompida e apenas cinco votos computados, o país ficou naquela sensação de deja vu — mais um capítulo sem conclusão na nossa novela política. O STF marca novo horário para continuar o debate: será nesta quarta-feira (3), às 14h.
Restam seis votos. Seis ministros que carregam nas mãos não apenas a decisão sobre um processo, mas um pedaço significativo do futuro político nacional. A pergunta que fica é: para que lado a balança vai pender?
Uma coisa é certa: amanhã, todos os olhos estarão outra vez voltados para aquelas cadeiras de couro vermelho. Porque no fundo, todo mundo sabe — isso aqui é muito mais que direito. É puro teatro brasileiro.