
Eis que surge uma daquelas reviravoltas políticas que deixam todo mundo de queixo caído — e duvidando da própria audição. O governo Lula, que até então pregava punição exemplar para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, agora estuda apoiar um projeto que… reduziria as penas dos mesmos invasores. Sim, você leu certo.
Parece contra-intuitivo? Talvez. Mas na complexa teia da política brasileira, nada é tão simples quanto parece.
O jogo por trás do tabuleiro
A estratégia do Planalto, segundo fontes próximas ao alto escalão, seria uma manobra para evitar algo considerado pior: a anistia geral. A ideia é simples, porém arriscadíssima — melhor aceitar uma redução controlada das penas agora do que correr o risco de ver todos os envolvidos serem perdoados no futuro.
Não é sobre ser bonzinho. É cálculo político puro e duro.
Os números que assustam o governo
O projeto em questão é o PL 4.153/2023, de autoria do deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL-PB). A proposta cria um regime diferenciado para crimes cometidos durante manifestações — e pasmem — já tem até parecer favorável na Comissão de Segurança Pública.
O governo acompanha com verdadeiro pavor a tramitação dessa matéria no Congresso. O temor? Que ganhe força e se transforme numa lei ampla que beneficie todos os investigados — incluindo os líderes dos ataques.
Entre a cruz e a espada
Ora, mas não era o Ministério da Justiça que defendia punições severas? Era, e ainda defende — publicamente. Nos bastidores, porém, a conversa é outra. Há um reconhecimento tácito de que a correlação de forças no Legislativo pode impor uma derrota ainda mais amarga ao governo.
Melhor então abraçar o "mal menor"? O debate está quente nos corredores do poder.
As críticas que não vão calar
Juristas e procuradores ouvidos discretamente pela reportagem são unânimes: a estratégia é perigosa e pode criar um precedente desastroso. "Estão brincando com fogo", alerta um experiente constitucionalista que preferiu não se identificar.
O risco é claro — sinalizar que crimes graves contra a democracia podem ser negociados conforme a conveniência política do momento. Um recado terrível para o futuro.
Enquanto isso, os presos do 8 de janeiro assistem a tudo de suas celas — sem imaginar que viraram peças num jogo de xadrez onde são, ao mesmo tempo, sacrificáveis e estratégicos.
A política, como sempre, mostrando suas faces mais complexas e menos heroicas.