
Eis que surge mais uma CPI no cenário político brasileiro — e dessa vez o alvo é o Instituto Nacional do Seguro Social. Mas cá entre nós: será que essa investigação vai realmente focar nos desvios ou vai virar mais um capítulo da novela eleitoral?
Os primeiros sinais não são lá muito animadores. A comissão mista, composta por senadores e deputados, já nasce sob o peso das suspeitas. O grande desafio — e que desafio! — será manter o foco nas supostas fraudes que atingem os cofres da Previdência, evitando que tudo descambe para o usual teatro político.
Os números que assustam
Os valores envolvidos são astronômicos. Estamos falando de bilhões de reais desviados através de benefícios irregulares. E não são apenas cifras abstratas: cada real desviado significa um idoso sem medicamento, uma família sem amparo. Essa é a parte triste da história.
Mas convenhamos: no Congresso, os interesses nem sempre seguem a lógica do interesse público. A composição da CPI já reflete aquela velha matemática partidária — cada partido quer sua fatia de protagonismo, sua cota de holofote.
O jogo político por trás da investigação
Alguns parlamentares, é claro, chegam com discursos inflamados. Prometem "investigar tudo até as últimas consequências". Soa familiar, não? A experiência nos ensina a ter um pé atrás com essas promessas grandiosas.
O relator da comissão, escolhido a dedo, terá a delicada missão de conduzir os trabalhos sem acirrar ainda mais os ânimos. Mas será que é possível? O clima político atual não ajuda — a polarização contamina tudo, até investigações que deveriam ser técnicas.
Não me entendam mal: investigar é necessário. Urgente, até. Mas fazer disso palanque eleitoral disfarçado... ah, isso cansa. O contribuinte merece mais respeito.
O que esperar dos trabalhos?
Os pessimistas — ou realistas, dependendo do ponto de vista — já preveem cenas lamentáveis: deputados fazendo discursos para as câmeras, entrevistas bombásticas, acusações sem provas. O espetáculo acima da substância.
Mas talvez, apenas talvez, dessa vez seja diferente. Existem profissionais sérios no Congresso, pessoas que realmente querem apurar os fatos. O desafio será não se deixar contaminar pelo circo político.
O tempo dirá. Enquanto isso, acompanharemos mais um capítulo da nossa política — com esperança moderada e bastante ceticismo.