
Pouca gente sabe, mas o coração simbólico de Brasília bate mesmo é em Planaltina. E agora, ganhou o reconhecimento que merecia! A Pedra Fundamental — aquela que, em 1922, marcou o pontapé inicial do sonho de construir uma nova capital no Planalto Central — acaba de ser tombada como Patrimônio Cultural do Brasil.
Parece coisa de cinema, mas é pura história. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, confirmou a decisão nesta terça-feira (17). E olha, não foi por acaso. Esse marco é mais do que uma rocha: é a materialização de uma ideia que mudou o rumo do país.
Imagina só: era 7 de setembro de 1922, centenário da Independência, quando uma comitiva liderada pelo então presidente Epitácio Pessoa fincou aquele símbolo no chão do cerrado. O gesto era visionário — mas só três décadas depois, com Juscelino Kubitschek, é que a cidade realmente saiu do papel.
Não é só uma pedra. É um símbolo de resistência
O que muita gente não lembra é que a Pedra Fundamental original… sumiu. Sim, desapareceu por anos — um mistério que até hoje rende conversa entre os mais antigos. A que está lá hoje, protegida por um monumento em forma de arco, é uma réplica instalada nos anos 70. Mas o significado? Esse segue intacto.
E não para por aí: o tombamento inclui não só a pedra, mas todo o conjunto — o obelisco, a praça, a área verde ao redor. Ou seja, virou um pacote completo de história viva.
E agora, o que muda?
Com o título, qualquer intervenção no local — reforma, restauro, até obra perto dali — vai precisar da aprovação do Iphan. É uma proteção a ferro e fogo contra descaracterizações ou, pior, esquecimento.
Para Planaltina, que muitas vezes fica à sombra do Plano Piloto, a decisão é mais que simbólica. É um resgate da autoestima. Afinal, foi dali que tudo começou. “É uma forma de corrigir uma invisibilidade histórica”, comentou um morador antigo, com orgulho na voz.
E pensar que um gesto simbólico de 1922 hoje é lei, é cultura, é identidade. Brasília pode ter sido construída mais tarde, mas seu primeiro suspiro — esse sim, é de Planaltina.