
Não é de hoje que se fala na relação entre quartel e política — mas agora os números chegaram para comprovar o que muitos já desconfiavam. Uma pesquisa recente, realizada pelo instituto Paraná Pesquisas, traz dados concretos sobre como a imagem das Forças Armadas, especialmente do Exército, sofreu um abalo significativo perante a opinião pública brasileira.
E o motivo? Justamente a aproximação excessiva com o cenário político-partidário.
Os números não mentem: a confiança caiu
De acordo com o estudo, apenas 31,8% dos entrevistados afirmaram confiar muito no Exército. Pode até parecer um percentual considerável, mas a verdade é que ele representa uma queda expressiva se comparado aos anos anteriores.
Para se ter uma ideia, em pesquisas semelhantes realizadas antes de 2018, esse índice ultrapassava os 60%. Uma diferença brutal, que não pode ser ignorada.
O que mudou na percepção popular?
Parece claro que a população começou a enxergar as Forças Armadas com outros olhos — menos como uma instituição técnica e apartidária, e mais como um ator inserido no jogo político.
Não é surpresa. Basta lembrar dos últimos anos: declarações, posicionamentos públicos e até certo tom ideológico que, tradicionalmente, não faziam parte do discurso castrense.
E o povo notou.
Nem tudo está perdido: resquícios de credibilidade
Apesar da queda, ainda há um fundo de respeito. Cerca de 40,2% dos brasileiros disseram confiar "pouco" — o que, convenhamos, ainda deixa margem para reconstrução. Só 15,3% declararam não confiar nada.
Ou seja: ainda há base para trabalhar a imagem. Mas o caminho é longo.
E as outras Forças?
A Marinha e a Aeronáutica também foram avaliadas — e pasme: saíram um pouco melhor na fotografia. A FAB, por exemplo, manteve índices um pouco mais estáveis, com 35,8% de confiança alta.
Será que por estarem menos expostas midiaticamente? É uma hipótese.
O recado está dado
Os dados falam por si. A sociedade espera das Forças Armadas postura técnica, neutralidade e foco em sua missão constitucional — e não atuação como player político.
Reverter esse cenário demandará tempo, discrição e talvez — quem sabe? — um distanciamento estratégico dos holofotes da politicagem.
Porque uma coisa é certa: o brasileiro comum ainda valoriza suas Forças Armadas… desde que elas permaneçam no seu devido lugar.