
Numa época em que o casamento era visto como obrigação para qualquer governante, Elizabeth I da Inglaterra fez diferente. A monarca, que reinou entre 1558 e 1603, ficou conhecida como a "Rainha Virgem" — e não foi por acaso.
Enquanto conselheiros pressionavam por uma aliança política através do matrimônio, ela teimava em dizer não. "Prefiro ser uma mendiga solteira do que uma rainha casada", declarou certa vez, com aquela teimosia que marcou seu reinado.
Jogo de poder ou trauma?
Alguns historiadores acreditam que a decisão veio de experiências pessoais difíceis. Afinal, sua mãe, Ana Bolena, foi executada por ordem do próprio pai, Henrique VIII. Depois disso, viu meio irmã, Maria I, se casar e enfrentar revoltas populares.
Outra teoria? Elizabeth simplesmente não queria dividir o poder. "Era astuta como uma raposa", diz o professor James Thompson, especialista no período Tudor. "Sabia que um marido significaria menos autoridade para ela."
Os pretendentes rejeitados
A lista de nobres europeus que tentaram conquistá-la daria um bom romance:
- Filipe II da Espanha — viúvo de sua irmã Maria
- Arquiduques austríacos
- Até mesmo um czar russo
Mas Elizabeth, sempre esperta, usava esses interesses como moeda política. "Ela mantinha todos em suspense", explica a historiadora Maria Fernandes. "Assim garantia vantagens diplomáticas."
O preço da independência
Claro que a escolha teve consequências. Sem herdeiros diretos, o trono acabou indo para Jaime VI da Escócia, unindo as coroas britânicas. Mas será que ela se arrependeu? Cartas pessoais sugerem que não.
Num trecho revelador, escreveu: "Já estou casada... com a Inglaterra". Frase bonita ou estratégia calculada? Quase 500 anos depois, o debate continua acalorado entre especialistas.
Uma coisa é certa: naquele século XVI cheio de convenções, Elizabeth I quebrou padrões como poucos. E, convenhamos, fez história justamente por isso.