
Parece mentira, mas é pura verdade: o que começou como um tímido grupo de 100 representantes hoje forma um dos parlamentos mais numerosos do planeta. A Câmara dos Deputados, essa velha senhora que completa 203 anos em 2025, já viu de tudo - desde debates acalorados até reformas que mudaram seu próprio DNA.
Das cortes portuguesas ao gigante moderno
Quem diria que aquela assembleia constituinte de 1823, com seus nobres e proprietários rurais, daria origem a essa máquina complexa que conhecemos hoje? A trajetória é digna de roteiro de novela:
- 1824: A primeira constituição do Brasil independente estabelece 102 deputados
- 1934: O número salta para 250 após a Revolução de 30
- 1946: A redemocratização pós-Estado Novo amplia para 286 cadeiras
- 1988: A Constituição Cidadã fixa o atual limite de 513 parlamentares
Não foi um crescimento linear - houve idas e vindas, ditaduras que reduziram o espaço democrático, períodos de expansão. Como dizem os mais velhos, "política é como maré: ora enche, ora vaza".
O que explica essa multiplicação?
Dois fatores principais: o crescimento populacional (éramos 4 milhões em 1822, hoje somos 215 milhões) e a necessidade de representar estados novos que surgiram com o tempo. Cada unidade federativa tem direito a no mínimo 8 e no máximo 70 deputados - uma fórmula que tenta equilibrar proporcionalidade e praticidade.
Curiosidade: se seguíssemos à risca o critério populacional puro, São Paulo teria sozinho quase 120 deputados! Mas aí, convenhamos, o plenário precisaria ser do tamanho do Maracanã...
E o futuro? Mais mudanças à vista
Especialistas debatem se o modelo atual ainda faz sentido. Alguns defendem uma redução - "menos é mais", argumentam. Outros pregam reformas profundas no sistema eleitoral. Enquanto isso, a velha dama de 513 cadeiras segue firme, testemunhando a história do país.
Uma coisa é certa: seja qual for o caminho, a evolução da Câmara reflete como o Brasil mudou - e continua mudando. Como bem definiu um historiador: "Se as paredes do plenário falassem, contariam a própria saga da nação".