Aos 100 anos de idade, faleceu nesta segunda-feira (3) Clara Charf, uma das mais importantes ativistas políticas do Brasil e viúva do guerrilheiro Carlos Marighella. A alagoana deixou um legado de resistência e luta pelos direitos humanos que marcou a história do país.
Uma vida de lutas e resistência
Nascida em 1925 no estado de Alagoas, Clara Charf construiu uma trajetória marcada pelo engajamento político desde muito jovem. Sua vida se entrelaçou profundamente com a história do Brasil durante o período mais sombrio da ditadura militar.
Sua união com Carlos Marighella, um dos principais nomes da resistência armada à ditadura, transformou-a não apenas em companheira, mas em peça fundamental na luta contra o regime autoritário. Após o assassinato de Marighella em 1969, Clara continuou sua trajetória de ativismo, mantendo viva a memória do companheiro e ampliando suas próprias bandeiras de luta.
O exílio e o retorno ao Brasil
Durante os anos de chumbo, Clara Charf enfrentou a perseguição política que assolou o país. Como tantos outros brasileiros que se opuseram à ditadura, ela foi forçada ao exílio, vivendo em Cuba e posteriormente na Alemanha Oriental.
Com a abertura política e o processo de redemocratização do Brasil, Clara retornou ao país para continuar seu trabalho em defesa dos direitos humanos e da memória histórica. Sua voz tornou-se referência para novas gerações de ativistas.
Legado e reconhecimento
Até seus últimos dias, Clara Charf manteve-se intelectualmente ativa e comprometida com as causas sociais. Sua trajetória foi marcada por:
- Defesa intransigente dos direitos humanos
 - Preservação da memória da resistência à ditadura
 - Ativismo feminista e social
 - Inspiração para movimentos democráticos
 
Sua morte representa não apenas a perda de uma testemunha ocular da história brasileira, mas também o fim de uma era de lutas e resistências que moldaram o país que conhecemos hoje.
Clara Charf deixa como legado a certeza de que a luta por um Brasil mais justo e democrático deve continuar, honrando a memória de todos que, como ela, dedicaram suas vidas à construção de uma sociedade mais igualitária.