
Não é de hoje que o traço afiado de J.Caesar corta como navalha pelos absurdos da nossa vida pública. Dessa vez, o cartunista — que já virou referência no jornalismo crítico — esmergulha no caldeirão de contradições que é o Brasil e sai com uma charge que dói de tão precisa.
Publicada na edição desta quarta (17) pela Veja, a obra escancara aquilo que a gente vê todo dia, mas finge não notar. Entre um café requentado e a enésima crise política, Caesar faz o que sabe melhor: transformar o caos em traços que arrancam risos — mesmo que amarelos.
O Brasil em três quadros
Sem spoilers, mas digamos que o artista:
- Espeta a hipocrisia dos discursos prontos
- Retrata a distância entre promessas e realidade
- E ainda acha espaço para zoar a nossa mania de achar que "dessa vez vai ser diferente"
Numa sacada genial, ele usa elementos do cotidiano — aqueles que todo brasileiro reconhece na hora — para criar metáforas visuais que doem pela familiaridade. Quem nunca se viu diante de certas cenas, que atire a primeira pedra.
Por que essa charge cutuca tanto?
Simples: porque Caesar não inventa nada. Ele só amplifica o que já está aí, escancarado, mas que a gente insiste em ignorar. Entre uma piada e outra, sobra aquele gosto amargo de "putz, é verdade".
E olha que o timing não poderia ser melhor. Num momento em que o país parece dividido entre o riso e o choro, o cartunista lembra que, às vezes, rir é a única saída — ainda que seja da própria desgraça.