Eis que a rotina de Belo Horizonte foi cortada nesta segunda-feira por uma operação que cheira a maracutaia de alto nível. A Polícia Federal, aquela que não costuma brincar em serviço, botou a mão na massa – e nos mandados – para desmontar um esquema que suga recursos públicos destinados a um dos cartões-postais da cidade: a Lagoa da Pampulha.
Parece piada de mau gosto, mas não é. Enquanto a população espera há anos por uma lagoa limpa, um grupo bem articulado estaria desviando milhões através de contratos de tratamento de água e dragagem. A PF executa nove mandados de busca e apreensão, seis deles aqui na capital mineira e outros três no Rio de Janeiro. A coisa é séria.
O Modus Operandi da Farra com o Dinheiro Público
O cerne da investigação, que já corre em segredo de Justiça desde agosto, aponta para fraudes em licitações e superfaturamento descarado. Imagine só: empresas supostamente combinavam valores e condições entre si, criando uma fachada de competição que não passava de teatro. Um verdadeiro conluio para enganar o poder público e, no fim das contas, todos nós, contribuintes.
Os investigadores suspeitam que servidores públicos também estavam com a mão na massa, facilitando a vida dos fraudadores. E o pior? Parte do dinheiro desviado poderia ter sido lavado através da compra de imóveis de luxo e veículos caros. Uma afronta à cidade que tanto luta pela revitalização da sua lagoa.
O Silêncio que Dói
Até o momento, a PF não divulgou os nomes das empresas e pessoas envolvidas. O sigilo judicial ainda protege a investigação, mas a expectativa é que, em breve, a máscara caia. A operação de hoje colhe provas documentais e digitais que podem ser a peça chave para entender a extensão do prejuízo.
É de cortar o coração. A Pampulha, com sua igrejinha de Oscar Niemeyer e seu cenário deslumbrante, merecia mais. Muito mais do que ser palco de mais um capítulo da velha história de corrupção que assombra o Brasil. A lagoa, que já sofre com a poluição ambiental, agora aparece como vítima de uma poluição talvez ainda pior: a da desonestidade.
O que será que passa pela cabeça de alguém que desvia verba de um projeto ambiental vital? A pergunta fica no ar, enquanto os agentes federais trabalham para responder com ações concretas. A população de BH torce para que esta operação seja, finalmente, um passo decisivo não só para punir os responsáveis, mas para tirar do papel a tão sonhada recuperação da Lagoa da Pampulha.
