
Não foi um dia qualquer na frente do consulado americano no Rio. Paredes de concreto que normalmente só veem turistas apressados e diplomatas sisudos foram tomadas por uma energia diferente — a do protesto. Gritos, cartazes e muito, mas muito descontentamento no ar.
Era quinta-feira, 1º de agosto, quando a UNE (União Nacional dos Estudantes) resolveu botar a boca no trombone. E não só no Rio, não. Onze capitais brasileiras viram cenas parecidas: gente comum, estudantes na maioria, se juntando pra dizer um sonoro "não" às tarifas comerciais que Donald Trump — aquele mesmo, o ex-presidente dos EUA — quer impor.
O que tá pegando?
Pois é, parece que o sujeito, mesmo fora do cargo, ainda acha que pode ditar regras que afetam países do outro lado do mundo. As tais tarifas — que os economistas chamam de "medidas protecionistas" — basicamente encarecem produtos brasileiros lá nos EUA. Resultado? Nosso comércio exterior pode levar um belo de um tombo.
"É um ataque direto à nossa economia", disparou uma estudante de Economia da UFRJ, enquanto segurava um cartaz onde se lia: "Trump, suas tarifas não colam aqui!". Ela não estava sozinha. Pelo menos 300 pessoas no Rio, segundo a PM, e números parecidos em outras cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.
E o clima?
Tenso, mas sem violência — pelo menos no Rio. A polícia ficou de olho, claro, mas a coisa toda foi mais barulhenta do que perigosa. Teve até um cara fantasiado de Tio Sam sendo ironicamente "expulso" pelos manifestantes. (Coisa que, convenhamos, daria um ótimo meme.)
Mas não se engane: por trás das piadas, a indignação era real. "A gente já tá com os problemas daqui, agora ainda temos que lidar com os de lá?", questionou um senhor de uns 60 anos, dono de uma pequena empresa de exportação. Ele, que nunca tinha ido a um protesto na vida, disse que "dessa vez não dava pra ficar em casa".
E agora?
A UNE promete que isso é só o começo. Se as tais tarifas realmente forem pra frente, preparem-se para ver muito mais gente nas ruas. E não só estudantes — comerciantes, empresários, trabalhadores... afinal, quando o bolso aperta, ninguém fica quieto.
Enquanto isso, no consulado, os funcionários americanos deviam estar se perguntando: "Será que alguém avisou o Trump que o Brasil não é esses países que ele acha que pode empurrar com a barriga?". A resposta, pelos visto, estava bem ali, do lado de fora, gritando bem alto.