Haddad sobre tarifaço: 'Acordo só avança se houver vontade política de ambos os lados'
Haddad: tarifaço depende de vontade política

Numa tarde de terça-feira que parecia comum em Brasília, o ministro da Economia, Fernando Haddad, soltou a frase que todo mundo esperava — mas ninguém queria ouvir. "Não adianta forçar a barra", disparou, com aquele jeito paulistano de quem já viu esse filme antes. O tal do tarifaço? Só vai sair do papel se os dois lados da moeda toparem abrir mão de algo.

E olha que não é pouca coisa. Enquanto o governo pressiona por reajustes em energia, transportes e combustíveis (aquela velha história de cobrir rombos), a oposição — e parte da sociedade — torce o nariz. "Cadê a contrapartida?", questionam alguns deputados, num coro que ecoa pelo Congresso.

O jogo de xadrez por trás dos números

Haddad, que já foi professor e sabe explicar coisas complicadas, usou uma analogia inesperada: "É como tentar montar um quebra-cabeça com peças de caixas diferentes". A fala, meio poética para um ministro da Economia, esconde um cálculo político afiado. Afinal:

  • O Palácio do Planalto precisa fechar as contas
  • Os parlamentares querem evitar desgaste antes das eleições municipais
  • A população já está com o orçamento no limite

Numa reviravolta típica do Planalto Central, fontes próximas ao ministro revelam que há três cenários em discussão nos bastidores:

  1. Um reajuste escalonado (o famoso "vamos com calma")
  2. Congelamento parcial com compensações em outros setores
  3. A famigerada aprovação do pacote completo — a opção nuclear

E o povo nisso tudo?

Enquanto os técnicos do ministério fazem contas no Excel (aquele verde que dói nos olhos), o cidadão comum — aquele que paga contas no caixa do mercado — já sente o aperto. Dona Maria, aposentada de 62 anos que preferiu não revelar o sobrenome, resume: "Todo mês é um susto diferente. Agora querem enfiar mais essa goela abaixo?".

O clima, convenhamos, não está dos melhores. Entre um cafezinho e outro nos corredores do Congresso, até os mais experientes assessores admitem: essa vai ser a mãe de todas as negociações. E como bem lembrou Haddad, sem boa vontade política, nem o melhor dos orçamentos consegue sair do papel.