
Não é todo dia que bolsonaristas e críticos do governo se encontram no mesmo lado da trincheira. Mas aí veio Donald Trump — e, como um furacão imprevisível, uniu opostos numa crítica ferrenha às suas novas tarifas contra produtos brasileiros.
"Isso é um tiro no pé", resmunga um empresário paulista que votou em Bolsonaro em 2022, enquanto ajusta os óculos com frustração. "A gente já tá com os pés nas costas com a China, e agora isso?"
O Xadrez Econômico que Ninguém Pediu
Trump anunciou na quarta-feira (15) taxações de até 10% sobre alumínio brasileiro — e olha que o Brasil é o segundo maior fornecedor do metal aos EUA. A justificiva? "Segurança nacional". Sim, aquele argumento genérico que serve pra tudo, desde aço até memes no Twitter.
- Setor brasileiro de alumínio emprega 46 mil pessoas diretamente
- Exportações para EUA movimentaram US$ 2,1 bi em 2023
- Estados mais afetados: Pará e Minas Gerais
"É um despropósito sem tamanho", dispara um assessor do Planalto que prefere não se identificar. "Trump age como se ainda estivesse em 2018 — e pior: como se o Brasil fosse a China."
E os Bolsonaristas?
Ah, essa é a parte saborosa. Grupos bolsonaristas no Telegram — aqueles mesmos que adoravam selfies com o ex-presidente americano — agora chamam a medida de "canelada geopolítica". Um tuíte de um influenciador de direita chegou a comparar Trump a "um cachorro que morde a mão de quem o alimentou".
Não espere, porém, críticas ao livre mercado. A reclamação é seletiva: "Ele podia ter escolhido a Alemanha ou o Vietnã", protesta um youtuber bolsonarista, como se tarifas comerciais fossem cardápio de restaurante.
E Agora, José?
O Itamaraty ensaia uma resposta comedida — porque, convenhamos, brigar com Trump é como discutir com tornado. Enquanto isso:
- Indústrias brasileiras preveem redução de 8% nas exportações
- Especialistas alertam para possível "efeito dominó" em outros setores
- Governo estuda retaliar... mas com o que? Nossa lista de trunfos tá curta
No meio do caos, uma ironia: a medida de Trump pode beneficiar a China, justo o país que ele mais ataca. É o mundo virando de ponta-cabeça — ou, como diria um economista carioca no boteco: "O circo pegou fogo, e os palhaços tão vendendo ingresso".