Crise no Campo: Número de Pedidos de Recuperação Judicial no Setor Rural Dispara em Mato Grosso
Recuperação Judicial no Agro de MT Dispara 73% em 2025

Parece que o campo está mesmo passando por uma tempestade perfeita — e não, não é aquela que traz a chuva tão esperada. A Acrimat, que sempre teve o dedo no pulso do setor, acabou de revelar um dado que dá arrepios: os pedidos de recuperação judicial nas propriedades rurais de Mato Grosso simplesmente explodiram.

Não é exagero. Só neste ano, já são 45 processos protocolados. Quer dizer, um aumento de nada menos que 73% comparado com o mesmo período do ano passado. Algo está muito, muito fora da curva.

O Que Está Acontecendo Com o Nosso Agro?

Francisco de Sales, o presidente da Acrimat, não esconde a preocupação. A conversa é franca: "Os produtores estão encurralados", admite. E os motivos? Bem, é aquela combinação perigosa que todo mundo teme.

  • Custos que não param de subir: Tudo ficou mais caro. Insumos, defensivos, combustível... o pacote completo.
  • Preços das commodities em baixa: Quem produz está recebendo menos pelo seu suor.
  • Juros que sufocam: Aquela dívida que parecia controlável de repente virou uma bola de neve.
  • Clima brincando de roleta-russa: Seca onde não devia, chuva fora de hora... a natureza não está colaborando.

O resultado? Muita gente boa, que trabalha de sol a sol, simplesmente não está conseguindo honrar os compromissos. A recuperação judicial acaba sendo o último recurso — uma espécie de SOS para tentar respirar e reorganizar a casa.

Além dos Números: O Drama Humano Por Trás das Estatísticas

É fácil olhar para uma porcentagem e seguir em frente. Mas cada um desses 45 processos representa uma família, anos de trabalho e, muitas vezes, um legado inteiro em jogo. A situação é particularmente cruel para os médios produtores, que não têm o mesmo fôlego financeiro dos grandes grupos para aguentar a barra.

E tem mais um detalhe preocupante: muitos produtores estão usando o CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) para tentar se capitalizar. Só que, com o mercado instável, essa estratégia pode se transformar em uma armadilha perigosa, aumentando ainda mais a exposição ao risco.

Francisco de Sales é direto: a situação é "extremamente preocupante". E o pior? Ele não vê uma luz no fim do túnel tão cedo. A perspectiva é de que a turbulência continue, pelo menos até o final deste ano. O setor, que é a espinha dorsal da economia do estado, claramente precisa de mais do que pensamentos positivos.

O recado está dado. Enquanto o Brasil comemora a safra recorde, é bom lembrar que nem tudo são flores no campo. A conta chegou, e ela está pesada.