Despejo violento em comunidade quilombola do Amapá gera revolta e deixa animais à míngua
Despejo em quilombo do Amapá gera revolta e abandono

Uma operação de despejo realizada nesta quinta-feira (24) no Quilombo do Curiaú, localizado a poucos quilômetros de Macapá, transformou um cenário de tradição e história em um campo de destruição e revolta. A ação, que deveria ser uma simples reintegração de posse, resultou na demolição de casas e deixou animais domésticos abandonados à própria sorte.

Cenário de caos e destruição

Testemunhas relataram à reportagem que o despejo foi executado de forma brutal e desumana. Máquinas retroescavadeiras chegaram ao local acompanhadas de um grande contingente policial, dando início à demolição das residências enquanto moradores assistiam impotentes à destruição de seus lares.

"É uma violência sem tamanho. Estão acabando com nossa história, com nossa cultura", desabafou uma das quilombolas, que preferiu não se identificar por medo de represálias.

Animais abandonados à sorte

Um dos aspectos mais chocantes da operação foi o abandono completo dos animais que viviam nas propriedades. Com a destruição das casas e cercados, galinhas, porcos e outros animais domésticos ficaram sem acesso a comida e água.

  • Galinhais foram destruídos, deixando as aves sem abrigo
  • Bebedouros e comedouros foram danificados ou destruídos
  • Animais foram dispersos pelo terreno, muitos feridos
  • Comunidade tenta resgatar animais em meio ao caos

Histórico de resistência

O Quilombo do Curiaú representa mais do que um simples território - é um símbolo vivo da resistência cultural africana no Amapá. A comunidade, reconhecida pela Fundação Palmares, mantém tradições seculares e uma relação profunda com a terra que agora está sendo ameaçada.

"Aqui não é só terra, é nossa identidade, nossa memória. Meus avós, bisavós viveram aqui. Como podem simplesmente chegar e destruir tudo?", questiona outro morador.

Repercussão e busca por justiça

O caso já começa a ganhar repercussão nas redes sociais e entre organizações de direitos humanos. A comunidade se mobiliza para buscar apoio jurídico e político, na esperança de reverter a situação ou, pelo menos, garantir condições dignas para os desabrigados.

O desfecho dessa história ainda está sendo escrito, mas as marcas deixadas pelo despejo já são profundas - tanto na terra quanto na alma dos quilombolas que veem seu legado ameaçado.