
Imagine passar anos sem saber onde está alguém que você ama. É um pesadelo que milhares de brasileiros vivem diariamente. Mas uma luz no fim do túnel surgiu — e vem da ciência.
Desde segunda-feira (5), uma ação inédita percorre o país coletando material genético de parentes de desaparecidos. A ideia? Criar um banco de dados capaz de cruzar informações e, quem sabe, devolver esperanças.
Como funciona na prática?
Nada de burocracia complicada. Basta comparecer a um dos postos de coleta — espalhados em universidades e órgãos públicos — com documento de identidade. Lá, profissionais treinados fazem um simples swab bucal (aquela esfregação indolor no interior da boca) que dura menos de um minuto.
"Parece pouco, mas essa amostrinha pode ser a peça que faltava no quebra-cabeça", explica Dra. Lúcia Mendes, geneticista envolvida no projeto. Ela conta que já viram casos resolvidos após 15 anos de buscas infrutíferas.
Onde estão os pontos de coleta?
- Bahia: Universidade Federal (Salvador) e delegacias especializadas
- São Paulo: Instituto Médico Legal e postos do IML regional
- Rio de Janeiro: Sedes da Polícia Civil em 12 municípios
E atenção: mesmo quem já registrou desaparecimento precisa participar. "Os bancos antigos usavam técnicas menos precisas", alerta o delegado Carlos Amorim, que coordena a ação no Nordeste.
Ah, e se você está pensando "mas meu caso é muito antigo..." — esqueça. Tecnologia atual consegue trabalhar até com amostras degradadas. Vale tentar, não?
Por que isso importa?
Os números assustam: segundo dados oficiais, o Brasil registra um desaparecido a cada 15 minutos. Muitos jamais são encontrados — viram estatísticas frias. Essa campanha tenta reverter o jogo usando o que há de mais moderno em perícia genética.
"É como procurar uma agulha no palheiro, mas agora temos um ímã", brinca — sem perder a seriedade — o perito Marcos Rios, lembrando que identificações antes impossíveis agora ocorrem em semanas.
Para famílias como a de dona Maria, 62 anos, que procura o filho há oito anos, a iniciativa traz um conforto difícil de explicar: "Pelo menos sei que estão procurando do jeito certo".