Direito à Memória: Acre Garante Certificado para Pacientes Isolados com Hanseníase
Acre: certificado para pacientes de hanseníase isolados

Era um capítulo sombrio da nossa história, daqueles que a gente prefere esquecer, mas que as marcas não deixam. Quem viveu, sabe. Agora, décadas depois, uma luz no fim do túnel para centenas de acreanos. O governo do estado acaba de anunciar uma medida que, mais do que burocrática, é profundamente simbólica.

Pacientes que sofreram o isolamento compulsório durante o tratamento da hanseníase – uma prática desumana que vigorou por anos – terão direito a um certificado oficial. Esse não é um papel qualquer. É um reconhecimento formal de uma dor que muitos carregam em silêncio. O documento será emitido pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) e servirá como um passe para acessar políticas públicas de reparação.

Uma Reparação que Vai Além do Simbólico

O que isso significa na prática? Bom, a coisa é séria. O certificado vai permitir que essas pessoas possam, finalmente, ter seu sofrimento validado pelo Estado. É a chave para coisas concretas, como prioridade em programas sociais e de saúde. Uma forma de dizer: "Sim, o que você passou foi real, e a sociedade tem uma dívida com você".

E olha, a iniciativa partiu do próprio Ministério Público Federal (MPF) no Acre, que firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o governo estadual. Ou seja, não foi um mero acaso, mas fruto de uma pressão institucional necessária. A justiça entrando em cena para corrigir uma injustiça do passado.

Como vai Funcionar na Ponta?

Agora, a parte que interessa a quem viveu isso na pele. A Sesacre vai criar um canal específico para o cadastramento desses pacientes. Eles precisarão apresentar documentos que comprovem que estiveram internados nessas colônias de isolamento. A burocracia, infelizmente, ainda existe, mas o caminho está sendo aberto.

É impressionante pensar que, em pleno século XXI, ainda precisamos corrigir erros tão graves cometidos contra cidadãos que já estavam fragilizados pela doença. O preconceito era uma sentença dupla. Mas, como se diz, melhor tarde do que nunca. Essa ação joga um holofote sobre uma ferida mal cicatrizada na saúde pública brasileira, em especial aqui na região Norte.

Um passo importante. Um aceno de respeito. Um recado claro de que a dignidade humana deve sempre vir em primeiro lugar.