Trump anuncia tarifas sobre pescados do Ceará, mas aço brasileiro escapa — entenda os impactos
Trump taxa pescados do Ceará, mas poupa aço brasileiro

Eis uma daquelas notícias que deixam o Nordeste com um gosto amargo na boca — literalmente. Enquanto o aço brasileiro escapou ileso da última rodada de tarifas do ex-presidente americano Donald Trump, os pescados do Ceará não tiveram a mesma sorte. A medida, que entra em vigor em setembro, promete sacudir o mercado exportador do estado.

"Parece até aquela história do copo meio cheio ou meio vazio", comenta o economista cearense Raul Pontes, enquanto ajusta os óculos. "Por um lado, aliviamos no aço, que era nossa maior preocupação. Por outro... bem, os pescadores artesanais podem sofrer bastante."

O que muda na prática?

Detalhes da medida:

  • Taxa de 15% sobre lagostas, camarões e outros frutos do mar
  • Isenção mantida para produtos siderúrgicos
  • Válido a partir de 5 de setembro de 2025

Curiosamente, o anúncio veio justamente quando o Ceará comemorava um aumento de 22% nas exportações pesqueiras no primeiro semestre. "Ironia do destino ou má sorte? Difícil dizer", pondera a secretária de Comércio Exterior, Mariana Albuquerque, enquanto revira papéis sobre a mesa.

Efeito dominó

Nos armazéns do Porto de Pecém, o clima é de apreensão. "Já estamos recalculando tudo", admite o exportador Carlos Andrade, esfregando as mãos nervosamente. "Se os americanos comprarem menos, teremos que correr atrás de outros mercados — e isso nunca é fácil."

Especialistas projetam três cenários possíveis:

  1. Queda imediata de 8-12% nas vendas
  2. Pressão sobre os preços internos
  3. Possível migração para mercados asiáticos

Mas nem tudo são nuvens cinzentas. O setor de aço — que respira aliviado — já planeja aumentar produção. "É como se tivéssemos escapado por um triz", comemora o diretor de uma grande siderúrgica, preferindo não se identificar.

Enquanto isso, nos pequenos municípios litorâneos, os pescadores artesanais sequer imaginam o que os espera. "Trump? Tarifa? Isso é coisa de gente grande", diz Seu Francisco, 62 anos, enquanto conserta redes na praia de Icapuí. Mal sabe ele que, em poucas semanas, seu sustento pode ficar mais complicado.