
Pois é, parece que o remédio amargo das tarifas comerciais já começou a fazer efeito — e não é bem o efeito que se esperava. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF), uma daquelas entidades que não costuma falar bobagem, soltou um relatório nesta quinta-feira que dá o que pensar.
O que eles descobriram? Basicamente que as tarifas impostas pelo governo Trump já estão, sim, chegando no bolso do cidadão comum americano. E como!
Os números que falam por si
O relatório, que é mais denso que bolo de festa, aponta um aumento significativo nos preços de produtos importados. Só em julho, a inflação de bens tarifados subiu 3,1% — um pulo e tanto comparado com os 0,3% dos produtos não afetados pelas medidas.
Não é surpresa para ninguém que entende de economia, mas ver os números black on white sempre causa um certo calafrio. O IIF foi direto ao ponto: "As tarifas estão sendo repassadas aos consumidores", afirmaram os economistas, num português claro e sem rodeios.
Efeito dominó em cadeia
O mais preocupante — e aqui é onde a coisa fica realmente interessante — é que esse repasse não está acontecendo de forma gradual. Pelo contrário! Os preços dos produtos tarifados subiram quase que imediatamente após a implementação das medidas.
E não para por aí. O estudo mostrou que setores como metais, produtos químicos e plásticos foram os mais impactados. Quem trabalha com indústria sabe: isso aí é matéria-prima para praticamente tudo que é fabricado no país.
Um quebra-cabeça complexo
O IIF não poupou críticas à estratégia comercial. Eles argumentam, com certa razão, que essas tarifas podem até proteger indústrias domésticas no curto prazo, mas no longo prazo... Bem, no longo prazo a conta chega para todo mundo.
E o pior? Essa política comercial agressiva pode desencadear uma série de retaliações de outros países. China e União Europeia já estão de olho — e ninguém quer uma guerra comercial de verdade, certo?
Parece que a história se repete: em 2018-2019, quando Trump implementou tarifas similares, os preços ao consumidor também subiram. Desta vez, porém, o contexto econômico global é mais frágil, mais sensível.
O que esperar do futuro?
Bom, se depender do IIF, não muita coisa boa. Eles projetam que, se todas as tarifas propostas forem implementadas, o impacto inflacionário será "significativo".
Para você ter ideia, estamos falando de potencialmente adicionar vários pontos percentuais na inflação americana. Num país que ainda vive assombrado pelos fantasmas da alta de preços pós-pandemia, isso é praticamente uma sentença.
O Federal Reserve, claro, está de olho. Mas entre estar de olho e conseguir conter a inflação sem afundar a economia há uma distância considerável.
No final das contas, o relatório do IIF serve como um alerta vermelho. As tarifas não são apenas números em um papel — elas têm consequências reais na vida das pessoas. E pelo visto, essas consequências já começaram.