
Puxa vida, o dia de ontem no mercado financeiro foi daqueles de deixar qualquer um de cabelo em pé. Logo pela manhã, o dólar já despencava, fechando a sessão com uma queda nada desprezível de 0,89%, estacionando nos R$ 5,477 para venda. Quem diria, hein?
Enquanto isso, a Bolsa de Valores, nossa querida B3, tentou dar a volta por cima. O Ibovespa, depois de um começo mais tímido que pingado frio, conseguiu fechar no azul — ainda que um azul bem clarinho — com um ganho de 0,18%, batendo na casa dos 121.899 pontos. Não foi um espetáculo, mas depois de tanta turbulência, até que foi um alívio.
E o que foi que causou esse rebuliço todo? Bom, a palavra do momento é uma só: Magnitsky. A sombra da possível aplicação daquela lei americana — a famosa e temida Lei Magnitsky — sobre algumas figuras importantes daqui pairou sobre o mercado como uma nuvem pesada. A mera menção desse assunto já é suficiente para gerar um frio na espinha de investidores e, claro, do governo.
O Efeito Magnitsky no Câmbio
Parece coisa de filme de espionagem, mas a ameaça de sanções dos Estados Unidos, que poderiam congelar assets e barrar a entrada no país, é um negócio sério. Muito sério. O mercado, que é um bicho assustado por natureza, reagiu na hora. O dólar, que vinha numa escalada danada, simplesmente deu uma guinada e começou a cair. É aquela velha história: incerteza geopolítica é veneno para a moeda forte, mas às vezes o veneno tem um gosto amargo para todo mundo.
Não à toa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, saiu correndo para tentar acalmar os ânimos. Ele deu declarações, tentou passar tranquilidade, mas convenhamos: quando o assunto é relação com os EUA, a coisa sempre fica com um pé atrás. O fantasma das sanções é um dos poucos capazes de fazer o câmbio tremer na base em questão de minutos.
E a Bolsa? Como Fica?
Já a bolsa… ai, a bolsa. Ela tentou nadar contra a maré de pessimismo. Teve um pico durante o dia, chegou a subir mais, mas não conseguiu segurar o pique até o fechamento. Ficou com aquela recuperação modesta, sabe? Daquelas que a gente agradece por não ter sido pior.
Os papéis de empresas exportadoras, que geralmente se beneficiam de um dólar alto, ficaram meio sem rumo. De um lado, a moeda baixa é ruim para seus resultados. De outro, a perspectiva de menos turbulência internacional pode ser boa no longo prazo. No fim, ficou um empate técnico — daí o Ibovespa quase não se mexe.
Analistas que eu converso já cochicham que o pior pode ter passado, pelo menos por hoje. Mas também alertam: o cenário externo continua um campo minado. Qualquer nova notícia, um tuíte maldito, um boato, e tudo pode virar de cabeça para baixo de novo. O mercado é assim, um drama de novela das nove.
Resumindo a ópera: foi um dia de susto, de nervos à flor da pele, mas com um final… bom, mais ou menos. O dólar baixou a crista, a bolsa respirou aliviada, e todo mundo ficou de olho no que Washington vai dizer ou fazer a seguir. Porque, no fim das contas, quando os EUA espirram, o Brasil ainda pega um resfriado fortíssimo.