
Não é fácil engolir sapo — e o setor de pescados brasileiro está com um enorme na garganta. Desde que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, decidiu aumentar as tarifas sobre produtos importados, incluindo pescados, o clima entre os empresários do ramo é de frustração generalizada.
"A gente se sente como um peixe fora d'água", desabafa Marcelo Azevedo, dono de uma exportadora no Nordeste. "Promessas a gente ouve desde 2018, mas ação mesmo, nada."
O preço da indecisão
Os números são alarmantes: só no primeiro semestre, as exportações caíram quase 30%. E olha que a temporada de verão nem começou direito. Algumas empresas já reduziram em 40% a produção — outras, mais dependentes do mercado americano, simplesmente fecharam as portas.
O que mais revolta os empresários? A sensação de abandono. "Mandamos relatórios, estudos, propostas... Tudo vai parar num arquivo morto em Brasília", critica Renata Montenegro, presidente de uma associação do setor.
O que está em jogo
- Mais de 15 mil empregos diretos ameaçados
- Prejuízos que já passam de R$ 500 milhões
- Risco de perder espaço no mercado internacional para concorrentes como Chile e Peru
O Ministério da Economia, por sua vez, diz que "está analisando medidas compensatórias". Só que, como diz o ditado, peixe e convidado cheiram mal no terceiro dia — e essa história já dura anos.
Enquanto isso, os pequenos produtores são os que mais sofrem. "Trabalho nisso há 20 anos e nunca vi situação tão feia", conta o pescador artesanal João da Silva, de Fortaleza. "Ou o governo acorda logo, ou vamos todos pro buraco."
O recado do setor é claro: chega de conversa mole. Querem ver ação — e rápido. Afinal, como bem sabem os pescadores, maré baixa é péssima hora para consertar rede.