Parece que a indústria nacional resolveu entrar de férias em agosto — e das longas. E não foi um descanso qualquer: foi o pior desempenho para o mês em dez anos, um verdadeiro tombo que fez ecoar alertas por todos os cantos do setor produtivo. Os números, divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), são daqueles que dão frio na espinha.
O que aconteceu? Basicamente, uma queda de 1,2% no faturamento real frente a julho. Parece pouco? Não se engane. Na comparação com agosto do ano passado, a retração salta para 2,1%. E olha só a utilidade da capacidade instalada: caiu para 77,3%, o menor patamar desde maio de 2021. A coisa está feia, e não é de hoje.
Um Retrato Nada Bonito da Produção
Os índices de emprego e horas trabalhadas na produção também entraram na dança da queda — sinal claro de que as fábricas estão pisando no freio. E não foi um movimento isolado; foi generalizado. Dos 27 setores pesquisados, pasme, 21 registraram diminuição no faturamento. Das 18 localidades analisadas, 15 mostraram retração. Quase um apagão produtivo.
Quem puxou a fila dos que mais sofreram? Os setores de máquinas e equipamentos, minerais não metálicos e metalurgia. E aí vem a cereja do bolo: a taxa de utilização da capacidade caiu em 16 dos 18 segmentos. Quase um consenso pessimista.
E Agora, José?
Com dois trimestres consecutivos de recuo, tecnicamente já podemos falar em recessão no setor. O ano começou com um fôlego curto e parece que não conseguiu recuperar o ar. A previsão para o tercetro trimestre é de mais números vermelhos, fechando um ciclo que ninguém quer ver se repetir.
Não é exagero dizer que a indústria brasileira está numa encruzilhada. Entre a falta de ventos favoráveis externos e os desafios internos de sempre — custo Brasil, juros, burocracia —, o caminho para a recuperação parece mais longo do que se esperava. E o pior? Agosto pode ser só o começo de uma temporada complicada.
