Quem diria que um problema de abundância poderia deixar agricultores de cabelo em pé? Pois é exatamente o que acontece no interior de São Paulo, onde os campos parecem ter virado máquinas de produzir batatas — e olha que não é exagero.
Dados preliminares mostram que a produção nas principais regiões produtoras — incluindo cidades como Itapetininga e São João da Boa Vista — aumentou quase 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Uma colheita que, em outras circunstâncias, seria motivo de festa.
O outro lado da moeda
Mas nem tudo são flores. Com tanta batata chegando de uma vez só aos armazéns, os preços começaram a dar sinais de cansaço. Alguns sacos chegaram a ser comercializados por valores 40% menores que os praticados em julho. "É como se o mercado tivesse entrado em pane", comenta um produtor de Tatuí que preferiu não se identificar.
E olha que a situação tem seus paradoxos:
- Consumidores comemorando nas redes sociais
- Supermercados repassando parte da queda
- Produtores contando os prejuízos no caderno
E agora, José?
Especialistas do setor agrícola — aqueles que realmente entendem do riscado — apontam três fatores que explicariam essa enxurrada de batatas:
- Clima na medida certa: Sem extremos neste inverno
- Tecnologia no campo: Variedades mais produtivas
- Expansão de áreas: Novos agricultores entrando no jogo
Mas atenção: essa bonança pode ter gosto amargo. Algumas cooperativas já falam em reduzir plantios na próxima safra para evitar nova saturação. "Quando o balão sobe demais, alguém sempre se queima", filosofa o presidente de uma associação local, entre um café e outro.
Enquanto isso, nas feiras livres da capital, donas de casa aproveitam para encher as sacolas. "Tá barato que até parece milagre", brinca Maria Aparecida, 62 anos, enquanto escolhe batatas em um box no Mercadão Municipal. Quem sabe assim a fartura de um lado possa aliviar o aperto no orçamento de tantas famílias?
