Morangos brancos e rosas: a aposta dos agricultores do Sul de Minas para vencer o clima
Morangos coloridos ganham espaço no Sul de Minas

Quem disse que morango tem que ser vermelho? No Sul de Minas, agricultores estão virando o jogo com apostas inusitadas — e coloridas. As variedades branca e rosa, menos conhecidas do grande público, estão ganhando espaço nos campos da região. E não é só por capricho: essas "primas distantes" do morango tradicional são verdadeiras guerreiras contra os caprichos do clima.

"A gente cansou de perder produção por causa de chuva fora de época ou seca prolongada", conta João da Silva, produtor de Pouso Alegre, enquanto mostra orgulhoso seus pés de morango rosa. "Essas novas variedades aguentam o tranco — e ainda por cima o mercado paga melhor."

Do campo ao paladar: uma revolução em tons pastel

O que começou como experiência virou tendência. Os morangos brancos (que na verdade têm um tom creme delicado) e os rosas (com tonalidade que lembra algodão-doce) não são transgênicos — são resultado de melhoramento genético tradicional. E trazem na bagagem:

  • Maior resistência a pragas e doenças
  • Tolerância a variações bruscas de temperatura
  • Menor necessidade de água
  • Sabor diferenciado — menos ácido que o convencional

Nas feiras da região, os "novinhos" já fazem sucesso. "No começo o pessoal estranhava, achava que não estava maduro", diverte-se a feirante Maria Aparecida. "Agora já tem cliente que só compra os coloridos — dizem que são mais doces e têm textura mais firme."

O futuro é doce (e resiliente)

Enquanto os termômetros disparam e as chuvas ficam cada vez mais imprevisíveis, os agricultores mineiros parecem ter encontrado uma saída saborosa. A Embrapa já estuda essas variedades há anos, mas foi a pressão do clima que acelerou a adoção no campo.

"Não adianta insistir no mesmo plantio se o clima mudou", filosofa o agrônomo Carlos Mendes, da cooperativa local. "Esses morangos são a prova de que adaptação pode ser — literalmente — doce."

Resta saber se o consumidor das grandes cidades vai abraçar a novidade com o mesmo entusiasmo dos mineiros. Mas, pelo visto, o futuro da fruticultura na região pode ser menos vermelho e mais... arco-íris.