
O clima no Planalto está tenso — e não é por causa do inverno seco. Enquanto Washington aperta o cerco contra produtos brasileiros com novas taxas, Brasília corre contra o relógio para montar um contra-ataque que não piore ainda mais a briga comercial.
"É como jogar xadrez com peças de dominó", confessa um assessor do Ministério da Economia que prefere não se identificar. Os números assustam: só no primeiro semestre, as exportações de aço caíram 12% — e o pior pode estar por vir.
Setores em alerta máximo
Numa reunião que durou até de madrugada, técnicos mapearam os estragos:
- Aço: o carro-chefe das exportações para os EUA agora enfrenta tarifas que dobram de valor
- Suco de laranja: a Florida pressiona por barreiras que podem inviabilizar o negócio
- Carnes: o lobby dos pecuaristas americanos ameaça fechar ainda mais o mercado
Não é exagero dizer que estamos diante da maior turbulência comercial desde a guerra do algodão nos anos 2000. Só que agora, o tabuleiro tem muito mais peças em jogo.
Planos em cima da hora
Do lado brasileiro, a estratégia tem três pilares — nenhum deles exatamente revolucionário:
- Buscar novos mercados na Ásia e Oriente Médio (mas será que eles pagam o mesmo preço?)
- Acelerar acordos comerciais com a União Europeia (que anda arrastando os pés)
- Subsidiar setores atingidos (e torcer para o orçamento aguentar)
"Tem gente aqui que acha que basta esperar as eleições americanas em novembro", diz uma fonte do Itamaraty. "Mas e se Trump voltar? Aí a cobra vai fumar de verdade."
Enquanto isso, nos portos de Santos e Paranaguá, contêineres ficam parados esperando uma solução que não vem. O relógio econômico não para — e cada tic-tac dói no bolso dos exportadores.