
Imagine acordar todo dia com um cheiro de ovo podre invadindo sua casa. É o que acontece com centenas de moradores de Hortolândia desde 2017 — e parece que ninguém se importa. Um relatório bombástico jogou luz sobre o descaso da Sabesp na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Jardim Amanda, e a situação é pior do que se pensava.
O que o relatório revelou?
Parece piada, mas é triste realidade: o documento aponta que a Sabesp simplesmente ignorou protocolos básicos de manutenção. Equipamentos obsoletos, falta de inspeções regulares e — pasme — até vazamentos não corrigidos. "É como se jogassem dinheiro no ralo e torcessem para o problema sumir sozinho", desabafa um técnico que prefere não se identificar.
O drama dos moradores
Dona Maria, aposentada de 68 anos, conta que já perdeu as contas de quantas vezes acordou enjoada: "Parece que moro num lixão, não num bairro residencial". E ela não está sozinha:
- Relatos de dores de cabeça constantes
- Casos de alergias respiratórias em crianças
- Imóveis que perderam valor por causa do odor
O mais revoltante? A Sabesp recebeu mais de 300 reclamações formais nos últimos três anos, mas as soluções foram sempre paliativas — quando vieram.
E agora, José?
Enquanto isso, a companhia jura de pés juntos que está "trabalhando para resolver". Só que os prazos se alongam como um novelo de lã no vento. Prometeram melhorias para 2023, depois 2024, e agora falam em 2025. Será que um dia a conta chega?
"Isso aqui virou terra de ninguém", dispara o vereador Carlos Silva (sem partido), que já protocolou nada menos que 15 pedidos de fiscalização. "Quando a saúde pública vira moeda de troca, todo mundo perde."
Enquanto o jogo de empurra continua, os moradores seguem entre a cruz e a espada: aguentar o fedor ou abandonar suas casas. Uma escolha que, convenhamos, ninguém deveria ser obrigado a fazer.