
Eis que a Justiça resolveu botar o pé na tábua — e não foi pouco. A Prefeitura de Manaus agora tem um mês pra tirar da gaveta um plano decente pra retirar os flutuantes que teimam em ocupar o igarapé do Tarumã. Se não fizer? Bem, a conta pode ficar salgada.
O juiz não brincou em serviço. Na decisão, deixou claro que não vai aceitar promessas vazias ou aqueles papéis cheios de jurubeba que governo adora entregar. Tem que ser algo concreto, com cronograma que preste e tudo mais. Do contrário, a multa vai doer no bolso do contribuinte — e como vai doer.
O problema que não quer calar
Quem passa pelo Tarumã nos últimos meses sabe: a situação tá feia pra cachorro. Os flutuantes viraram uma espécie de condomínio irregular sobre as águas, com direito a barulho, esgoto indo pro rio e até risco de desabamento. Moradores reclamam há tempos, mas parece que só agora a coisa pegou fogo.
"É sempre assim", diz Dona Maria, que vive há 20 anos na área. "Só quando vira caso de polícia — ou de Justiça — que mexem os pauzinhos." Ela tem razão. Desde 2023 que o Ministério Público vem alertando sobre o problema, mas as ações práticas? Quase zero.
O que diz a Prefeitura?
Procurada, a administração municipal soltou aquele comunicado padrão: "Estamos analisando a decisão e tomando as providências necessárias". Sabe como é, né? O clássico "já já a gente resolve" que todo mundo conhece.
Mas dessa vez o "já já" tem data marcada — e curta. Trinta dias corridos, nem um a mais. Depois desse prazo, o juiz prometeu vir com a mão pesada. E olha que a multa diária por descumprimento não é brincadeira: pode chegar a R$ 50 mil por dia de atraso.
E os donos dos flutuantes?
Aí é que tá o pulo do gato. Muitas dessas estruturas são casas ou comércios de famílias que estão ali há anos. Tirar do dia pra noite? Complicado. A decisão judicial prevê que a Prefeitura tem que apresentar também um plano de reassentamento ou indenização — coisa que, convenhamos, nunca foi o forte da gestão municipal.
"Sei que tá irregular, mas pra onde eu vou?", pergunta Seu José, dono de um pequeno restaurante flutuante. Sua situação resume o dilema: de um lado, a necessidade de preservar o igarapé; do outro, vidas que dependem dessas estruturas.
Enquanto isso, o relógio não para. Os 30 dias começaram a contar nesta quarta-feira (23/07). E a cidade toda vai ficar de olho pra ver se, dessa vez, o poder público vai cumprir com o prometido — ou se vai deixar a poeira baixar e empurrar com a barriga, como de costume.