
Era pra ser um avanço, mas virou pó. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, simplesmente engavetou um projeto que prometia — pasmem — resolver aquela velha disparidade na distribuição de árvores entre as regiões mais nobres e as periferias. Coisa de cinema, não?
O texto, aprovado pela Câmara Legislativa, queria obrigar o governo a criar um mapa da desigualdade verde. Tipo um raio-X mostrando onde faltam sombras e oxigênio. Mas parece que alguém não gostou da ideia de colocar os pingos nos is.
O que dizia o projeto?
Basicamente três coisinhas simples:
- Mapear todas as áreas com déficit de arborização (e olha que não são poucas)
- Criar um cronograma pra plantar árvores onde mais precisa
- Priorizar regiões que parecem um forno no verão
Mas adivinha? O Palácio do Buriti achou melhor deixar como está. Na justificativa do veto — aquela lábia política — alegaram "inviabilidade técnica" e "sobrecarga de gastos". Conveniente, não?
O outro lado da moeda
Os defensores do veto dizem que já existem programas de plantio. Mas aí vem a pergunta que não quer calar: por que algumas áreas parecem o Jardim Botânico e outras lembram o deserto do Saara? Difícil engolir essa, hein?
Moradores de Ceilândia e Samambaia já reclamam há anos. "No Plano Piloto tem árvore até demais, enquanto aqui a gente derrete no calor", dispara Maria Silva, dona de casa. E ela tem um ponto — os termômetros chegam a marcar 5°C a mais nessas regiões.
Especialistas em urbanismo torcem o nariz. "É uma questão de saúde pública, não de estética", alerta o professor Carlos Mendonça, da UnB. Ele lembra que áreas verdes reduzem doenças respiratórias e até a violência. Mas parece que o governo prefere tapar o sol com a peneira.
E agora? O veto ainda pode ser derrubado pelos deputados distritais. Mas com as eleições municipais batendo na porta, ninguém sabe quem vai ter coragem de peitar o executivo. O jeito é torcer — e suar muito no próximo verão.