
Eis que a terra treme de novo em Brumadinho — não literalmente, mas no coração de quem vive o fantasma de 2019. A Agência Nacional de Mineração (ANM) deu um puxão de orelha no protocolo de segurança e elevou o nível de emergência da barragem do Córrego do Feijão para "eminentemente perigoso". Não é alarmismo, mas aquele frio na espinha que todo mineiro conhece bem.
Segundo os técnicos — aqueles caras que vivem de calculadora e café amargo —, os instrumentos de monitoramento captaram "alterações significativas" na estrutura. O que isso significa? Ninguém solta fogos ainda, mas é como ter um carro com o freio cantando na descida da Serra do Curral.
O que muda na prática?
- Vistorias diárias (antes eram semanais)
- Sirenes de teste toda quarta-feira — sim, aquelas que dão arrepios
- Plano de evacuação revisado (e esperemos que nunca usado)
O prefeito de Brumadinho, Arnaldo Silva — um sujeito que envelheceu 10 anos em 5 —, soltou nota dizendo que "a situação está sob controle". Mas cá entre nós: depois do rompimento que virou tragédia nacional, ninguém aqui bota fé só no papel. A Defesa Civil já começou a bater de porta em porta, igual vendedor de enciclopédia, orientando os moradores.
E os números?
Pois é. A barragem tem 86 metros de altura — equivalente a um prédio de 28 andares — e armazena 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Dá para encher 4.680 piscinas olímpicas. Só que, ao contrário de água cristalina, estamos falando daquela lama que ninguém quer ver na sala de estar.
O Ministério Público de Minas Gerais já acordou o processo judicial que estava hibernando. Parece que ninguém quer repetir o filme triste que todo mundo já viu — e que ninguém esqueceu.