
E lá vamos nós de novo. Águas Claras, aquela cidade que parece um tabuleiro de xadrez urbano, resolveu dar um xeque-mate nos ambulantes. A administração local, num daqueles movimentos que ou são geniais ou são um tiro no pé, revogou todas as licenças dos vendedores de rua.
Não foi uma decisão fácil — e olha que fácil mesmo é reclamar da bagunça nas calçadas. Mas será que essa medida radical vai resolver o problema ou só empurrá-lo pra debaixo do tapete?
O que rolou de verdade
Na quarta-feira (23), a prefeitura regional simplesmente rasgou o contrato com os ambulantes. Tudo isso, dizem, para "garantir a ordem pública". Você já tentou andar pela W3 Norte num sábado de manhã? Então sabe do que estão falando.
Os números impressionam:
- Mais de 500 licenças canceladas de uma só vez
- Áreas críticas como a Avenida Araucárias e o Mercado Sul completamente esvaziadas
- Fiscalização intensificada desde o início do mês
Os dois lados da moeda
De um lado, os moradores comemoram. "Finalmente vou poder passear sem ter que fazer slalom entre barracas", comenta uma senhora que prefere não se identificar. Do outro, os ambulantes — muitos deles sustentando famílias — estão literalmente sem chão.
João da Esfiha, que trabalha há 8 anos no mesmo ponto, desabafa: "Do dia pra noite, meu ganha-pão virou crime. E agora? Vão me dar outra opção?"
O que diz a lei (e o bom senso)
A legislação é clara: o poder público pode, sim, regular o comércio nas ruas. Mas será que precisa ser no modo "tudo ou nada"? Alguns especialistas em urbanismo torcem o nariz para medidas tão drásticas.
"Em vez de proibir, por que não organizar?", questiona a urbanista Maria Silva. "Cidades como Curitiba e Belo Horizonte encontraram soluções criativas para esse impasse."
Enquanto isso, a prefeitura promete (sempre promete) um novo modelo de licenciamento. Mas ninguém sabe quando — ou se — isso vai sair do papel.
Uma coisa é certa: as ruas de Águas Claras nunca mais serão as mesmas. Resta saber se para melhor ou para pior.