
Parece que o tempo anda mais devagar que as obras nas rodovias paulistas. Um relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) escancarou o que muitos motoristas já sentem na pele — ou melhor, no asfalto esburacado. Mais de 560 obras estão com atrasos consideráveis nas estradas concedidas em São Paulo. E olha que não são só uns dias de atraso, não. Algumas estão paradas há meses, quiçá anos.
O levantamento — feito com aquele rigor técnico que só órgão fiscalizador tem — revela um panorama desanimador. Das 1.200 intervenções previstas, quase metade está com cronograma completamente fora dos trilhos. "É como se tivessem marcado um encontro com o progresso e esquecido de avisar que iam faltar", brinca um especialista, sem graça nenhuma na voz.
Onde o calo mais aperta
Regiões metropolitanas levam a pior, claro. Na capital e arredores, os atrasos se acumulam feito buracos após chuva forte. Mas o interior também não escapa:
- Rodovias que cortam zonas agrícolas estão entre as mais negligenciadas
- Trechos turísticos parecem ter virado terra de ninguém
- E aquelas promessas de contornos urbanos? Viraram piada pronta
"Já virou tradição", suspira um caminhoneiro que prefere não se identificar. "Todo ano é a mesma novela: prometem, atrasam, jogam a culpa no clima, na burocracia, nos astros..."
O outro lado da moeda
As concessionárias — essas figuras — alegam de tudo um pouco. Desde problemas na liberação de licenças ambientais até "imprevistos técnicos" (leia-se: orçamento estourado). Mas o TCE não comprou a narrativa toda. No relatório, destacam que muitas empresas simplesmente subestimaram a complexidade dos projetos. Ou seja: prometeram o que não podiam cumprir.
E o prejuízo? Ah, esse é duplo. Além do óbvio transtorno aos usuários, há o aspecto financeiro. Muitas dessas obras atrasadas estão vinculadas a incentivos fiscais generosos. Traduzindo: dinheiro público escorrendo pelo ralo da ineficiência.
Enquanto isso, nas estradas, a vida segue no improviso. Desvios mal sinalizados, trechos interditados sem aviso prévio, e aquela eterna sensação de que São Paulo — o estado que deveria ser exemplo — está ficando para trás. Literalmente.