Rodolfo Abrantes, ex-Raimundos, revela como a fé o salvou do abismo: 'Deus me tirou do buraco'
Rodolfo Abrantes: do rock à fé, uma história de superação

Quem diria que aquele mesmo cara que botava fogo nos palcos com letras irreverentes nos anos 90 hoje fala de Deus com os olhos cheios de convicção? Rodolfo Abrantes, o ex-vocalista dos Raimundos, viveu uma guinada que até ele mesmo duvidaria se contassem anos atrás.

— Foi como se alguém tivesse virado minha vida de ponta-cabeça — confessa, entre um gole de café e sorrisos tímidos. Aos 50 e poucos anos, o artista que já encheu estádios agora enche igrejas. E não, não é metáfora.

Do palco ao púlpito

Nos tempos de Raimundos, Rodolfo era sinônimo de rock pesado e letras polêmicas. Mas o que poucos sabiam: por trás da persona rebelde, havia um homem afundando em angústias. "Cheguei num ponto onde nem o sucesso fazia sentido", revela, esfregando as mãos como se ainda sentisse o frio daquela época.

A virada? Veio em 2000, quando — segundo ele — um encontro divino rasgou sua existência em dois. "Foi como acordar de um sonho ruim", compara, os olhos perdidos em alguma memória distante. De repente, as músicas que antes falavam de farra ganharam versões gospel. Os fãs ficaram divididos entre a surpresa e o apoio.

O preço da transformação

Não foi fácil. Alguns chamaram de traição ao movimento punk. Outros, de modinha passageira. Vinte e tantos anos depois, Rodolfo ri dessas críticas: "Quando você encontra algo real, nem as pedras do caminho te fazem voltar atrás".

Seu último álbum? Mistura rock com mensagens de fé, provando que a essência musical permanece — só mudou o combustível da alma. "Antes eu cantava por raiva. Hoje canto por amor", define, com aquela voz rouca que conquistou gerações.

E os fãs antigos? Muitos seguiram com ele nessa jornada. Afinal, como diz o próprio Rodolfo entre risos: "O coração do rock nunca morre — só aprende a bater no ritmo certo".