Paulo de Paula, o 'Paulão', pioneiro do vôlei de praia brasileiro, morre aos 67 anos na Bahia
Morre Paulão, pioneiro do vôlei de praia brasileiro

Um silêncio pesado caiu sobre a comunidade do vôlei de praia brasileiro nesta terça-feira. Aos 67 anos, partiu Paulo Roberto de Paula – ou simplesmente Paulão, como era carinhosamente conhecido nos arenos de todo o país. A informação foi confirmada com um misto de tristeza e respeito pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), mas os detalhes sobre a causa da morte ainda não foram divulgados publicamente pela família.

Não é exagero nenhum dizer que a história do vôlei de praia no Brasil – esse esporte que hoje é uma potência mundial – começou com ele. Imagina só: 1985. A modalidade ainda engatinhava, mais uma paixão de fim de semana nas areias cariocas e baianas do que um esporte de fato. Foi ali, naquele cenário quase amador, que Paulão e seu parceiro Montanaro escreveram seus nomes a fogo. Eles conquistaram o primeiro título nacional da história, um feito que, cá entre nós, pouca gente na época deve ter dado o verdadeiro valor.

E olha que ironia do destino, não? O esporte que ele ajudou a fundar no país explodiu, virou febre, deu ao Brasil algumas de suas maiores glórias olímpicas. E o pioneiro, aquele que abriu o caminho, sempre manteve um perfil baixíssimo. Longe dos holofotes que iluminariam gerações futuras de medalhistas.

Um legado de areia e suor

Para quem viveu aquela época, a imagem de Paulão em quadra era inconfundível. Potência física bruta combinada com uma técnica surpreendente para a era. Ele não só jogava; ele construía as partidas. Era a peça fundamental que ditava o ritmo do jogo, aquele atleta que você não podia tirar os olhos.

Mas sua contribuição vai muito além de um troféu em uma prateleira poeirenta. Ele foi, antes de tudo, um símbolo de uma geração que jogava por amor puro, pela adrenalina da disputa e pelo prazer de estar naquela areia. Uma época sem patrocínios milionários ou contratos de televisão. Era só a bola, a rede, o parceiro e o mar de fundo.

– A CBV e a família do vôlei brasileiro estão de luto pela partida de um de seus precursores. Paulo de Paula deixa um legado que jamais será esquecido – declarou a entidade, em uma nota oficial que tentava, com palavras formais, conter a magnitude da perda.

O luto e a lembrança

Agora, o que fica é um vazio e uma memória gloriosa. A notícia se espalhou como um rastro de areia fria pelas redes sociais e grupos de atletas. Várias gerações de jogadores, dos mais antigos aos que só conheceram sua história por livros e causos, manifestaram seu respeito. É aquele reconhecimento silencioso de que se está diante da partida de um verdadeiro ícone.

Ele morreu em Salvador, na Bahia, estado que sempre foi um celeiro natural para o esporte. A cidade, assim como o Brasil do vôlei, perde um pedaço de sua história. O local e o horário do velório ainda serão informados pela família, que neste momento pede privacidade para lidar com a dor.

É fim de capítulo. O sujeito que foi o primeiro de todos a subir no lugar mais alto do pódio se vai. Mas o que ele construiu – o alicerce, a primeira pedra de um império de ouros olímpicos e mundiais – isso, ah, isso fica para sempre. Descanse em paz, Paulão.