O Vaticano testemunhou neste domingo algo verdadeiramente extraordinário - algo que não se via há séculos. Sob o céu romano, diante de uma multidão que parecia não ter fim, o Papa Francisco elevou aos altares um rapaz que, pasmem, mal completaria 35 anos hoje.
Carlo Acutis não era um santo comum. Nem poderia ser. Nascido em 1991, este jovem milanês tinha tudo para ser apenas mais um adolescente italiano: gostava de videogames, adorava fazer zoeira com os amigos e era fascinado por computadores. Mas havia algo diferente nele - algo que transformou sua curta jornada terrestre em algo extraordinário.
O influencer celestial
Enquanto muitos da sua idade estavam preocupados com os últimos smartphones ou trends das redes sociais, Carlo dedicava seu talento digital para algo incomum: catalogar milagres eucarísticos. Sim, você leu certo. O garoto criou um website - na época em que poucos sequer entendiam o que era isso - para documentar fenômenos religiosos.
"Ele via a internet como território missionário", contou uma senhora que veio de Bergamo especialmente para a canonização. "Um menino santo dos nossos tempos - quem diria?"
Uma vida interrompida, um legado eterno
Aos 15 anos, a leucemia levou Carlo. Mas o que parecia o fim era apenas o começo. Sua história começou a circular primeiro na Itália, depois pelo mundo. E os milagres? Bem, esses apareceram quando menos se esperava.
O primeiro, reconhecido em 2020, envolveu um menino brasileiro de 7 anos que se recuperou miraculosamente após rezar a Carlo após um acidente. O segundo, em 2023, curou uma universitária costa-riquenha de um trauma craniano gravíssimo. Coincidência? O Vaticano não pensa assim.
O santo da geração digital
O que torna Carlo tão especial não é apenas sua juventude. É o fato de que ele representa uma ponte entre a tradição milenar da Igreja e o mundo contemporâneo. Francisco deixou isso claro em sua homilia: ele chamou Carlo de "testemunha do Evangelho para os jovens de hoje".
Na Praça São Pedro, dava para ver de tudo: jovens com camisetas estampadas "#CarloAcutis", idosos com rosários, famílias inteiras com crianças no colo. Uma miscelânea de fé que só um evento assim consegue reunir.
Um novo tipo de santidade
A canonização de Acutis marca um momento pivotal para a Igreja Católica. Não é todo dia que se vê um santo que poderia ter sido youtuber, que entendia de Python e Java, e que provavelmente teria um Instagram cheio de memes sacros.
Seus restos mortais, vestidos com tênis e jeans - porque sim, essa foi a vontade da família - estão agora expostos para veneração em Assis. Irônico, não? O menino que amava tecnologia repousa na terra de São Francisco, o santo da simplicidade.
O que Carlo nos deixa é mais que uma história inspiradora. É a prova de que a santidade não tem idade, não tem época, não tem geração. Pode florescer em qualquer lugar - até mesmo num quarto cheio de cabos de computador e manuais de programação.
E talvez essa seja a maior mensagem: que não precisamos abandonar nosso tempo para encontrar o eterno. Basta saber olhar - como Carlo olhava - para o divino que habita no cotidiano.
