
Era um daqueles banheiros de backstage que já viram de tudo — desde ansiedade pré-show até confissões inesperadas. Foi ali, entre azulejos manchados e o cheiro característico de cerveja velha, que o músico brasileiro Carlos Vieira (nome artístico: "Mad Ozzy") teve seu encontro mais surreal com o ídolo que dedicou a vida a homenagear.
"Ozzy simplesmente apareceu do nada, meio perdido como sempre", ri Carlos, enquanto ajusta os óculos escuros que viraram sua marca registrada. "Perguntou se eu tinha uma guitarra emprestada — como se fosse algo que todo mundo carrega no banheiro!"
De fã a "quase amigo"
A história começou nos anos 90, quando Carlos — então um adolescente em São Paulo — descobriu o Black Sabbath. "Aquilo mudou tudo. Minha mãe achava que eu estava possuído, mas era só o poder do metal", brinca.
O que era devoção virou profissão. Por mais de duas décadas, Carlos e sua banda "Blizzard of Ozz" recriaram a magia do Príncipe das Trevas em palcos por todo o Brasil. Mas foram os encontros aleatórios com o próprio Ozzy que marcaram sua vida:
- O dia em que Ozzy confundiu seu camarim com o de um técnico e ficou 20 minutos discutindo sobre encanamento
- A vez que o astro pediu "um cafezinho brasileiro" e reclamou que estava forte demais
- O momento emocionante nos bastidores quando Ozzy reconheceu seu trabalho: "Você canta minhas músicas melhor que eu!" (depois admitiu que não lembrava de ter dito isso)
Luto e legado
Com a voz embargada, Carlos admite: "Perder Ozzy foi como perder um tio maluco que todo mundo tem. Sabe? Aquele que conta histórias improváveis e te deixa confuso, mas você ama do mesmo jeito".
Enquanto prepara um show tributo especial em São Paulo, o cover artist reflete: "O cara era um paradoxo ambulante — frágil e poderoso, confuso e genial. E é isso que o metal representa: beleza no caos".
E aquele encontro no banheiro? "Ah, isso ficou entre nós dois", diz com um sorriso que sugere histórias não contadas. "Mas digamos que envolvia uma torneira quebrada, um autógrafo em um rolo de papel higiênico e a lição mais valiosa: até os ídolos são humanos."