Bruce Dickinson no The Town: Crítica ácida a políticos brasileiros e raridade de 41 anos no setlist
Bruce Dickinson critica políticos e canta raridade no The Town

O ar em São Paulo estava pesado, carregado de uma energia que só 80 mil almas reunidas sob o signo do metal podem criar. E Bruce Dickinson, ah, Bruce... ele não veio para acariciar ouvidos.

Logo no início do set, o vocalista fez uma pausa dramática entre uma música e outra, olhou para a multidão como um profeta irado e soltou: "Políticos são todos iguais, não importa o país. Falam em paraíso, mas trabalham para o diabo". A plateia, é claro, explodiu em gritos de aprovação — porque quem nunca pensou isso, né?

Mas não foi só de discurso que viveu a noite. Dickinson, num daqueles gestos que fãs de banda cultuam por décadas, ressuscitou "Revelations". Uma música do álbum "Piece of Mind", de 1983, que sim, ficou 41 longos anos sem ser tocada ao vivo. Quem estava lá viu história sendo feita, com direito a solos de guitarra que arrepiaram até os mais durões.

E o cara não parou por aí. Entre uma música e outra, ainda ironizou o jeito "malandro" de alguns políticos locais, dizendo que "até o capeta aprendeu algumas coisas observando da down here". O público entendeu a indirecta na hora — e adorou.

O setlist foi uma aula de como agradar fãs antigos e novos: clássicos como "The Trooper" e "Fear of the Dark" dividiram espaço com raridades que fizeram os colecionadores de setlist chorarem de emoção. Dickinson, aos 66 anos, correu pelo palco como um adolescente, mostrando que vigor e crítica social não têm idade.

No final das contas, foi mais que um show. Foi um evento cultural, um protesto musicalizado, um baque de nostalgia e uma cutucada bem-humorada — e ácida — na classe política. Algo que só o homem que pilota aviões e canta "Run to the Hills" poderia entregar.