
Parece que o destino reservou uma surpresa saborosa para o Acre. Feijó, aquela cidade que muitos nem sabiam apontar no mapa, acaba de ganhar um título que vai fazer qualquer amante de açaí ficar com água na boca: capital oficial do açaí no estado. E olha que não foi por acaso – a tradição local com o fruto roxo é tão forte que até parece que o açaizeiro nasce no quintal de cada morador.
Quem chega lá percebe na hora: o açaí não é só um alimento, é quase um modo de vida. Desde os pequenos produtores que colhem os frutos antes do sol raiar até as barraquinhas que servem a iguaria com farinha e peixe frito, tudo gira em torno dessa cultura. E agora, com o reconhecimento oficial, a coisa promete ficar ainda mais séria.
Um título que vem de longe
Não pense que essa história começou ontem. Os mais antigos contam que, décadas atrás, os ribeirinhos já viviam do açaí – e não apenas como alimento. O fruto era moeda de troca, remédio caseiro e até motivo para festas comunitárias. "A gente cresceu vendo o açaí como algo sagrado", diz dona Maria, 72 anos, enquanto prepara seu famoso "açaí do meio-dia" na feira municipal.
O que mudou? Bom, a formalização veio depois de um levantamento minucioso que mostrou:
- Feijó responde por 38% da produção acreana de açaí
- A cidade tem o maior número de batedores de açaí tradicionais por habitante
- O consumo per capita lá é três vezes maior que na capital Rio Branco
Não é à toa que o projeto de lei foi aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa. Até os políticos – que normalmente discordam até da cor do céu – se uniram nessa.
E agora, o que muda?
Mais do que um título bonito no papel, o status de "capital do açaí" traz expectativas reais. Os produtores locais já esfregam as mãos pensando no potencial turístico – imagina só os "roteiros do açaí" mostrando desde o pé até a tigela cremosa. Sem contar os eventos gastronômicos que devem pipocar por lá.
Mas calma, não é só festa. O desafio agora é organizar a cadeia produtiva para atender à demanda que certamente vai crescer. "Temos que cuidar para que o açaí continue sendo nosso, mesmo com toda essa visibilidade", reflete o secretário municipal de Agricultura, enquanto prova – claro – um copo da iguaria local.
Uma coisa é certa: Feijó nunca mais será a mesma. E o Acre acaba de ganhar mais um motivo para brilhar no cenário nacional. Resta saber se os outros estados vão ficar só olhando – ou se vão correr atrás do seu próprio título gastronômico.