Quem passou pelo Chocolat Festival Bahia neste fim de semana se deparou com uma cena que, convenhamos, não é todo dia que se vê: alunos da rede estadual transformados em verdadeiros mestres chocolatiers, produzindo delícias que fariam Willy Wonka corar de orgulho.
Numa esquina estratégica do evento, a minifábrica montada pela Secretaria da Educação do Estado virou ponto de parada obrigatória. E não era pra menos — o cheiro de cacau torrado tomava conta do ar, enquanto os jovens, de jalecos impecáveis, demonstravam cada etapa do processo com uma segurança que impressionava.
Do grão à barra: educação que derrete na boca
"A gente começa explicando sobre a origem do cacau baiano", contou uma das estudantes, enquanto manipulava os grãos com cuidado de ourives. "Depois mostramos a torra, a moagem... até chegar no produto final". E que produto! Tabletes com 70% de cacau, trufas recheadas e até versões com ingredientes típicos da região — quem provou jurou que não ficava nada a dever às marcas premium.
O que parecia uma simples demonstração era, na verdade, a ponta do iceberg de um projeto pedagógico bem mais ambicioso. "Isso aqui é educação profissional colocada em prática", explicou um dos professores, orgulhoso. "Eles aprendem química, matemática, gestão... tudo através do chocolate".
Geração de ouro
Entre um tablete e outro, os visitantes faziam fila não só para provar, mas para conversar com os jovens produtores. "É incrível ver adolescentes falando com tanta propriedade sobre porcentagem de cacau e técnicas de temperagem", comentou uma nutricionista que preferiu não identificar-se. "Isso sim é preparo para o mercado de trabalho".
E os números impressionam: só no primeiro dia, mais de 500 pessoas passaram pelo estande. Alguns visitantes até se surpreendiam ao descobrir que tudo aquilo vinha de escolas públicas. "Quando a educação é feita com paixão, os resultados são doces — literalmente", brincou um dos coordenadores.
Enquanto isso, nas redes sociais, fotos dos chocolates artesanais começavam a viralizar com a hashtag #ChocolateDaRede. Quem diria que um projeto escolar poderia ser o grande astro de um festival gastronômico? Na Bahia do cacau, parece que a educação encontrou seu ponto mais doce.
