
Quem disse que música erudita não pode ser um espetáculo vibrante? O Quarteto Guanabara provou o contrário na noite desta sexta-feira, no Teatro Municipal de Nova Friburgo. Com instrumentos que pareciam ganhar vida, o grupo apresentou um repertório que mesclou a genialidade de Haydn e Schubert com a brasilidade de Radamés Gnattali.
Não era só mais um concerto. Era uma viagem sonora que começou com a precisão matemática do Quarteto Op. 76 n° 2 de Haydn — aquelas variações que fazem você segurar a respiração sem perceber. E quando a plateia já estava hipnotizada, eis que surgem os acordes apaixonados de Schubert, no Quarteto D. 810, conhecido como "A Morte e a Donzela".
O toque brasileiro que roubou a cena
Mas foi na segunda parte que a magia realmente aconteceu. O Quarteto Brasileiro n° 1 de Gnattali trouxe aquele tempero nacional que ninguém esperava. Os músicos — parecendo mais alquimistas do que instrumentistas — transformaram influências do choro e do samba em algo digno dos grandes salões europeus. Quem estava lá jurou ter visto Villa-Lobos sorrindo de satisfação em algum lugar.
"A gente tenta mostrar que a música de câmara não é um museu", comentou o primeiro violino, enquanto afiava as cordas do instrumento. E deu certo. O público, um mix de jovens curiosos e veteranos de carteirinha, saiu com aquela sensação gostosa de ter descoberto algo novo — mesmo em obras com séculos de história.
Festival que aquece o inverno serrano
O show faz parte do Festival de Inverno do Instituto Dell'Arte, que está transformando Nova Friburgo num polo cultural quando o termômetro despenca. E olha que a programação ainda tem muita coisa boa por vir — mas essa noite com o Quarteto Guanabara já entrou para a história da cidade.
Para quem perdeu, fica a dica: fiquem de olho na próxima temporada. Porque quando esses quatro músicos se juntam, até as notas musicais parecem dançar diferente. E no frio da serra, nada melhor do que se esquentar com boa música, não é mesmo?