
Parece que a arte brasileira respira fundo e comemora uma pequena vitória nesta semana. A instalação PIX, do artista Matheus Ribs, que havia sido abruptamente censurada durante o Festival de Curitiba, está de volta à vista do público. E que volta!
O episódio todo começou como aqueles dramas que ninguém vê chegando. A obra, uma crítica contundente ao sistema de pagamentos instantâneos que dominou o país, simplesmente sumiu da mostra Ocupação Camarim. Sumiço? Censura pura. O festival, pressionado por… bem, até hoje ninguém sabe muito bem por quem ou o quê, decidiu que aquela reflexão não deveria ser vista.
Mas aí é que está a beleza da coisa. A comunidade artística simplesmente não engoliu a história. A reação foi rápida, barulhenta e cheia daquela indignação que só quem vive de criar entende. Artistas, curadores e o público em geral transformaram o caso em um debate nacional sobre até onde pode ir o dedo pesado da censura.
O recuo que veio como um alívio
Diante do furacão que se formou, a organização do festival fez o único movimento sensato: recuou. E não foi um recuo qualquer. Foi daqueles que vem com pedido de desculpas público e, o mais importante, com a remontagem imediata da obra. A justificativa inicial? Ah, aquela velha história de "problemas técnicos" que ninguém acredita. A justificativa final? O clássico "reexaminamos a situação e valorizamos a liberdade de expressão".
Matheus Ribs, é claro, ficou aliviado. Em entrevistas, ele deixou claro que o mais importante não era apenas ter sua obra de volta, mas sim garantir que esse tipo de situação não se repita com outros artistas. "É sobre não calar as vozes que questionam", disse ele, com a tranquilidade de quem venceu uma batalha importante.
E agora, o que muda?
O caso da instalação PIX vai além de uma simples discussão sobre uma obra censurada. Ele acende um farol sobre um problema crônico no meio cultural: a autocensura e as pressões veladas que artistas sofrem constantemente. Será que precisamos sempre chegar ao ponto do escândalo público para que o senso comum prevaleça?
A reexposição da obra no Camarim Espaço Cultural, até o final do festival, funciona como um símbolo. Um lembrete de que a arte, quando é realmente potente, encontra seu caminho – mesmo que precise dar uma volta maior para chegar até o público.
E o público, ah, o público… este parece ter ficado ainda mais curioso para ver do que se trata toda essa polêmica. Às vezes, tentar calar uma voz é exatamente o que ela precisa para ecoar mais longe.