
Não é só o rio Tapajós que está fervendo neste julho. Em Santarém, o calor humano dos ensaios toma conta dos bairros enquanto grupos folclóricos afiam suas apresentações para a etapa seletiva do 52º Festival Folclórico da cidade. E olha, quem pensa que é só 'mais uma competição' nunca viu o frenesi que toma conta da região nessa época.
Pelas ruas da Pérola do Tapajós — como carinhosamente chamam a cidade — já dá pra sentir o baticum dos tambores e o arrastar de saias rodadas. Pelo menos 15 grupos, entre tradicionais e novatos, estão na disputa acirrada pelas vagas no festival principal. E a coisa tá séria: ensaios até de madrugada, figurinos sendo costurados a mão e coreografias que misturam ancestralidade com inovação.
Entre o tradicional e o contemporâneo
O que mais impressiona? A capacidade desses artistas populares de manter viva a chama das manifestações culturais enquanto dão um tempero moderno. Tem desde o carimbó mais raiz até reinterpretações ousadas que deixariam os avós dos avós com a pulga atrás da orelha — no bom sentido, claro.
"A gente respeita as origens, mas também precisa falar com os jovens de hoje", conta Maria do Socorro, coordenadora do grupo Uirapuru, enquanto ajusta as fitas coloridas no vestido de uma dançarina. E não é que ela tem razão? Nas últimas edições, o público mais jovem começou a lotar as arquibancadas — sinal de que a tradição está longe de virar peça de museu.
O que esperar da seletiva?
- Coreografias que contam histórias da região — desde lendas indígenas até episódios históricos
- Figurinos que são verdadeiras obras de arte — alguns levam meses pra ficar prontos
- Músicas autorais que misturam instrumentos tradicionais com arranjos contemporâneos
- Uma energia contagiante que, prometem os participantes, vai fazer até o público mais sério balançar os pés
Os jurados — todos especialistas em cultura popular — terão a difícil missão de escolher os melhores. Critérios? Originalidade, resgate cultural, técnica e... aquela magia inexplicável que faz a plateia arrepiar. Difícil, hein?
Enquanto isso, nos bastidores, rola de tudo: desde discussões acaloradas sobre detalhes mínimos até abraços emocionados quando tudo finalmente encaixa. Porque no fim, mais que competição, o festival é uma grande celebração da identidade paraense — e isso, meus amigos, não tem preço.