
Não é todo dia que a gente vê a história bater o pé firme no asfalto quente do Rio, mas quando acontece, é pra valer. O Clube do Samba, aquele point sagrado onde o pandeiro não para e a roda nunca desmancha, acaba de ganhar um título que, convenhamos, já era dele por direito. Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Soa bem, não?
Pois é. A lei 10.267/25, sancionada pelo governador Cláudio Castro, saiu no Diário Oficial desta quinta-feira (4) e botou no papel o que todo mundo já sabia: aquele endereço na Rua do Matoso, na Praça da Bandeira, não é só um endereço. É um pedaço vivo da alma carioca.
Mais que uma sede, um santuário
Fundado em 2015, o clube virou o quintal de gerações. Dos veteranos que ainda lembram dos primeiros acordes ao pessoal novo que tá chegando com vontade de aprender. É ali que a tradição não vira poeira de museu – ela respira, suga e solta a voz. Zé Paulo, o presidente do clube, não esconde a emoção. "É o reconhecimento de uma luta diária", solta, com a voz um pouco embargada. "A gente mantém viva a chama do samba de raiz, e agora o estado está abraçando essa causa."
E que causa. O lugar não é só sobre música. É sobre resistência. É sobre comunidade. É onde o pessoal se encontra não pra fugir da realidade, mas pra celebrá-la, com toda a sua beleza e suas dores, transformando tudo em verso e melodia.
O que muda, afinal?
O título não é só um papel bonito pra pendurar na parede. Ele vem com um peso – e uma responsabilidade. Agora, o estado assume o compromisso de ajudar a preservar, fomentar e divulgar essa joia. Significa pensar em políticas públicas, editais, talvez até um fôlego financeiro pra que o samba continue ecoando forte pelas janelas do centro da cidade.
É uma daquelas notícias que aquece o coração. Num país onde a cultura vive aos trancos e barrancos, ver uma instituição como essa ser valorizada dá um alívio. E um certo orgulho. Mostra que a nossa identidade, por mais que tentem calar, insiste em fazer barulho. E que barulho bom.