Bicho de Pé encerra Festival de Inverno de Nova Friburgo com forró e ritmos brasileiros que arrebataram o público
Bicho de Pé encerra Festival de Inverno com forró arrebatador

Não foi preciso muito para o público entender: a noite de sexta-feira no Festival de Inverno de Nova Friburgo seria especial. O Bicho de Pé, grupo que há anos reinventa os ritmos nordestinos com uma pegada contemporânea, subiu ao palco do Instituto Dell'Arte e — como dizem por lá — "botou fogo no assoalho".

Quem esperava um repertório previsível se surpreendeu. E como! A banda, que mistura o tempero do forró pé-de-serra com pitadas de jazz e até rock, fez a plateia — de jovens a senhoras de cabelos brancos — dançar sem parar por quase duas horas. "Isso aqui tá melhor que casamento no interior", gritou alguém da plateia, entre um "xote" e outro.

Da tradição à inovação: um caldeirão musical

O triângulo tilintando, a zabumba marcando o compasso, o acordeão chorando... mas espere, era mesmo um acordeão? O Bicho de Pé tem dessas — pega instrumentos tradicionais e os coloca pra conversar com guitarras distorcidas e até sintetizadores. O resultado? Algo que seu avô reconheceria, mas que faria seu sobrinho hipster balançar a cabeça com aprovação.

Destaques da noite:

  • "Asa Branca" tocada em ritmo de maracatu — sim, você leu certo
  • Um medley de Luiz Gonzaga que fez até os mais tímidos baterem o pé
  • A inédita "Frei Caneca Blues", composição própria que já nasceu clássico

Mais que música, uma experiência coletiva

O frio típico da serra fluminense? Esqueça. A energia do grupo — que parece ter ingerido pílulas de alegria antes do show — aqueceu o ambiente melhor que lareira em noite de inverno. E quando começaram "Xote das Meninas", foi aquela loucura: casais se formando espontaneamente, crianças rodopiando, turistas estrangeiros tentando (sem muito sucesso) acompanhar os passos.

"A gente vem pra ressignificar o forró", explicou o vocalista entre uma música e outra, suando a camisa. "Não é nostalgia, é reinvenção." E deu pra ver — a plateia não parava de crescer, atraída pelo som que ecoava pelas ruas do centro histórico.

Quando os últimos acordes de "Paraíba" (num arranjo que misturava baião com surf music, acredite) encerraram o espetáculo, o público ainda queria mais. "Fora, não!" gritavam, enquanto os músicos, visivelmente exaustos mas satisfeitos, faziam reverências. A noite provou: tradição e inovação, quando misturadas com talento, geram uma combinação explosiva.

O Festival de Inverno de Nova Friburgo segue até domingo com atrações que prometem manter o nível alto. Mas depois do Bicho de Pé, fica a dúvida: será que alguém consegue superar essa energia contagiante?